domingo, 2 de abril de 2017

O Estado Lamentável Em Que Se Encontra O Jardim Botânico

O Jardim Botânico Tropical tem uma área de 7 hectares e é um dos jardins mais notáveis de Lisboa, aliando a qualidade paisagística à excepcional riqueza botânica (no catálogo elaborado pela investigadora Maria Cândida Liberato, publicado em 1994, constam 430 espécies).
Localizado numa das mais nobres zonas da capital, tendo inclusivamente dois portões de ligação ao jardim do Palácio de Belém, o Jardim Botânico Tropical tem vindo a degradar-se de forma preocupante. Junto à entrada principal, na Travessa dos Ferreiros de Belém, o muro que ostenta uma placa com a indicação “Património do Estado”, é usado para secar a roupa da vizinhança pobre do Presidente da República.

A estufa principal, onde se encontravam espécies dos cinco continentes e onde funcionou o Centro de Estudos Tecnologia Florestal, também se encontra em avançado estado de degradação: a estrutura está a cair e os vidros encontram-se partidos estando, por isso, fechada ao público.
As duas estufas laterais, mais pequenas, uma de chá e outra de café, foram recuperadas graças ao mecenas Rui Nabeiro.

Também o Jardim Oriental já viveu melhores dias expondo à entrada um arco que é uma réplica do Pagode da Barra, o mais antigo de Macau, construída por ocasião da Exposição do Mundo Português.
O espaço, que tem como modelo os jardins orientais, tem agora desníveis que não estão tratados, pontes de madeira a necessitar de manutenção e cursos de água secos, salvando-se as diferentes espécies de bambu, palmeiras, fruteiras e chazeiros que conseguem ainda transmitir alguma beleza.
Segundo José Sousa Dias, a recuperação dos lagos faz parte das "prioridades e medidas urgentes", bem como o reforço da equipa de jardinagem permanente, mantendo alguns serviços exteriores complementares.

O responsável reconhece que esses serviços não se realizaram em 2016 porque "as três empresas que ficaram melhor posicionadas no concurso público acabaram todas por desistir".

Em 2007 foi classificado como Monumento Nacional e desde 2015 integra a Universidade de Lisboa, sendo actualmente gerido em conjunto com o Museu de História Natural e da Ciência e o Jardim Botânico de Lisboa.

Apesar de o dinheiro da bilheteira (dois euros por bilhete) ser uma mais-valia, José Sousa Dias lembra que o Orçamento de Estado ainda tem de cobrir cerca de "20% das despesas de funcionamento, assim como todos os custos com recursos humanos e com o investimento na recuperação das infraestruturas".

Quando na Cerca do Palácio de Belém o património está tão mal tratado, que poderemos esperar do resto do país?”

Fonte: Green Savers e DN

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