sexta-feira, 9 de março de 2018

Assim Acontece ...

Sem surpresa, Mário Centeno vai tropeçando nas contradições inevitáveis que vêm associadas ao facto de ter de usar dois chapéus. Quando coloca o de ministro das Finanças, concede a si próprio a liberdade de fingir que a sua política orçamental não tem vestígios de contenção e austeridade. Enquanto presidente do Eurogrupo, cabe-lhe exigir desempenhos de acordo com as regras da zona euro. Neste caso, com o recurso à gíria com que os líderes europeus trocam recados.
Foi nesta qualidade que Centeno irritou Varoufakis, ao ponto de ter sido acusado pelo antigo ministro das Finanças grego de acrescentar a injúria ao insulto. Tudo isto, em resumo, porque afirmou, talvez sem se aperceber do real alcance das palavras, que se a Grécia tivesse tomado mais cedo as medidas que lhe foram pedidas, os resultados teriam, igualmente, surgido mais cedo. Entre estes frutos teriam estado “a conquista da confiança dos investidores e dos parceiros europeus”. Wolfgang Schäuble, tido como a personificação dos horrores da ortodoxia da zona euro, não o teria dito de forma mais clara.
Ficou a saber-se, afinal, que, por detrás da máscara política que adopta para ajudar a garantir a estabilidade emocional dos parceiros da coligação que sustenta o Governo do PS, Centeno, na versão de presidente do Eurogrupo, reconhece que os seus antecessores fizeram aquilo que, do seu ponto de vista, era correcto e necessário. Enquanto a Grécia desperdiçou tempo e dinheiro, Portugal aplicou as medidas duras que lhe foram colocadas em cima da mesa e conseguiu regressar aos mercados ainda antes de o programa de ajustamento que lhe cabia cumprir ter expirado. O caminho seguido por Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar e Maria Luis Albuquerque acaba de ganhar um apoiante inesperado.
(excertos do artigo de João Cândido da Silva, OBSR)

1 comentário:

O Puma disse...

A ponte 25 de Abril carece de manutenção mas não vai cair