domingo, 20 de outubro de 2019

Danças Circulares ...

... A roda que transforma
“Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar…” Se você brincou de roda na infância, volte no tempo. Procure lembrar-se. A roda girando, ora lenta, ora rapidamente. A sensação de leveza. O aconchego das mãos dadas. O sentimento reconfortante de ser aceito. 
Mas o que são as Danças Circulares, e por que sagradas? 
Bem, agora vamos fazer uma viagem mais longa no tempo, retrocedendo à Pré-História. O homem das cavernas dançava para celebrar o plantio e colheita, reverenciar a vida e a morte. E deixou isso registrado em pinturas rupestres em grutas e galerias subterrâneas. No Antigo Egito, a dança era um ritual sagrado dedicado aos deuses. Na Grécia, acreditava-se no poder mágico da dança. Ela, inclusive, preparava os guerreiros para as batalhas.
A dança, está presente na vida de todos os povos desde de suas origens.Os indígenas ainda preservam o costume de dançar em grupo.  Porém, são   poucas as culturas que, como a deles, mantêm a tradição. Através dos séculos ela foi ficando cada vez mais restrita a pequenas comunidades isoladas pelos cantos do mundo. Foi assim até que, na década de 70 (século XX) um famoso bailarino e coreógrafo polonês, Berhard Wosien redescobriu o poder de se dançar em círculo, de mãos dadas, como era comum às civilizações ancestrais.
Em busca de um significado maior para sua arte, Bernarh Wosien percorreu vários países, pesquisando as danças tradicionais, folclóricas ou sagradas. Ele então constatou que, nas localidades em que elas ainda eram parte da vida comunitária,  onde  jovens, adultos e idosos dançavam juntos, o ato continha a  essência espiritual que  buscava. Wosien percebeu que o círculo, as mãos dadas, os movimentos muitas vezes repetitivos, comuns nas danças dos povos, nos conectam ao sagrado, levando o dançarino a um estado meditativo. Por isso são consideradas uma prática de meditação em movimento.
Atualmente, o já vasto repertório das Danças Circulares Sagradas, composto por canções tradicionais, sejam brasileiras, gregas, israelitas, ciganas, celtas, ou outros povos, é enriquecido por coreografias criadas para músicas contemporâneas de diversos estilos. O acervo inclui desde danças bem tranquilas, meditativas, até as mais agitadas, como as czardas húngaras.
“Dance e recrie o mundo”, dizia a mestra Lucy Coelho Penna, psicoterapeuta junguiana e pesquisadora do Sagrado Feminino.
E Santo Agostinho também já recomendava:
Eu louvo a dança, pois ela liberta o ser humano
do peso das coisas - une o solitário à comunidade.
Eu louvo a dança, que tudo pede e
tudo promove; saúde, mente clara
e uma alma alada.
Dança é a transformação do espaço, do tempo e
do ser humano, este constantemente em perigo
de fragmentar-se, tornando-se somente
cérebro, vontade ou sofrimento.
A dança, ao contrário, pede o homem inteiro,
ancorado no seu centro.
A dança pede o homem liberto, vibrando
em equiíbrio com todas as forças!
Eu louvo a dança!
Ser humano, aprenda a dançar!
Senão os anjos do céu não saberão
o que fazer de você.

A roda promove a harmonia do grupo, integra, leva ao reconhecimento, aceitação. Olhos nos olhos, abrindo um canal de comunicação entre as almas. O toque delicado das mãos transmintindo a força e energia circulantes. A cada movimento, um exercício de alteridade,  paciência. Meu passo só é perfeito em harmonia com o do outro.  Executada em todas as rodas pelo mundo a dança  grega Enas Mythos tem um simbolismo que traduz perfeitamente a amorosidade e o respeito à diversidade   que fluem no círculo.
“Eu te reconheço
Eu te dou passagem
Eu sigo meu caminho”.
Nessa perspectiva, a dança é capaz de canalizar energias de cura tanto individualmente, quanto para o grupo, a comunidade em que está inserida ou o planeta. É um instrumento de paz, desenvolvendo o apoio mútuo, a integração, a cooperação, a comunhão. É impossível praticar regularmente as Danças Circulares Sagradas sem experimentar uma profunda transformação no seu universo particular. “Dance e recrie o mundo”!
GMC (via) Andiara Maria

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