domingo, 1 de maio de 2022

Solidão/Limite


Aqui é o teu limite: não prossigas.
Baste à tua volúpia o sonho raro
de tecer a distância. Ou a infância
aprisionar em castelos de areia.

A fronteira se perde em vago oceano,
e os veleiros de um mundo singram veias
de ácido e lodo. Fica no teu reino,
aqui é teu momento de repouso.

Não mais o medo desta solidão,
nem silvos de vinganças rastejantes:
talvez a morte de nascer apenas.

Ultrapassar a linha deste mapa
é o mesmo que gritar na pedra sem
que te responda o eco de ninguém.

(poemas e sonetos selecionados de
"Fronteira do Reino", 1988, Ed. João Scortecci)

Cícero Acaiaba (1925-2009)

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