segunda-feira, 20 de março de 2017

O BCE Está A Criar De forma Deliberada Uma Bolha No Mercado Dos Títulos De Dívida Pública

Através Da Sua "política de compra de activos".

Na passada semana, o Estado português emitiu títulos de dívida pública – ou seja, pediu dinheiro emprestado – por um prazo de seis e doze meses a juros negativos. O ministro das Finanças, Mário Centeno, apressou-se logo, como seria de esperar, a regozijar-se com o feito, que segundo ele fazia parte de “um conjunto de boas notícias” sobre a economia do país. “A taxa de juro a que Portugal hoje colocou dívida”, declarou o ministro, “foi ainda mais negativa do que a taxa que já era negativa nas últimas colocações”, um facto indesmentível e uma daquelas situações em que, como num exame médico, algo “negativo” é suposto ser bom.
Mas o que Centeno se escusou a dizer foi que os títulos de dívida pública – ou seja, os empréstimos que o Estado português contrai para ter o dinheiro que não tem para pagar as despesas com que se comprometeu – com maturidades a longo prazo continuam a ser negociados com juros a rondar os 4%, bem mais elevados que a maioria dos nossos parceiros da moeda única. Acima de tudo, não explicou por que razão essa disparidade existe, nem muito menos o que essa razão indica acerca do futuro que nos espera. Resta saber se o não fez por, coitado, não a perceber, ou se por o espírito de negação da realidade que se apodera de qualquer membro de qualquer governo o ter já obnubilado por completo, ou se por pura e simples desonestidade. (...) (continuar a ler)

 O “rebentar” da “bolha” não significa um descanso das atribulações; pelo contrário, significa o fim das ilusões e o despertar para uma dura realidade. Algo que, mais tarde ou mais cedo, o ministro Centeno irá descobrir. O pior é que o resto do país também sofrerá as consequências. E não nos vai custar pouco, certamente.

Bruno Alves, JE

Esta É A Lição Que Sampaio Nos deu Em 2004

De: Helena Matos
- Existe quem mande e os subalternos. Só percebendo essa lição se entende o fenómeno Sócrates e a tolerância face a António Costa.

Em Portugal existe quem mande - a esquerda que para o efeito obedece ao PS – e depois temos os subalternos que não vale a pena dizer que são de direita porque na verdade eles vivem num não lugar que, por prudência, definem como “não ser de esquerda”. Esse limbo ou não lugar que se define como “a não esquerda” é por assim dizer o máximo intelectual e socialmente aceitável em Portugal para quem quiser ser considerado civilizado, interessante, solidário e sobretudo viver em paz com as redes sociais, a maçonaria e o mundo mediático. A não esquerda pode existir, participar nas eleições mas, sobretudo quando está no poder, tem de admitir a sua subalternidade, penitenciar-se quotidianamente e retirar-se ou deixar-se retirar assim que lhe fizerem um sinal de que está a mais.

Veja-se como para a direita foi um alívio que Sampaio a tivesse desembaraçado de Santana Lopes. A pátria tremeu porque o dito Santana teorizou sobre os bebés e as incubadoras. Podia lá ser um homem de Estado usar uma imagem dessas?! Em boa hora Jorge Sampaio convocou eleições e passámos a ser governados por esse homem de Estado, por esse líder incontestado, por esse primeiro-ministro galvanizador chamado José Sócrates.

Naturalmente a mesma não esquerda que viveu com fatalismo o afastamento de Santana foi incapaz de fazer uma verdadeira oposição a Sócrates e até vivia no temor de que lhe ouvissem uma palavra menos própria sobre os comportamentos impróprios do primeiro-ministro. A isto junta-se que passavam a vida a lastimarem-se por não terem um líder tão dotado quanto José Sócrates.
Não perceberemos nunca como foi possível José Sócrates nem entenderemos como pode António Costa estar a levar o país para uma nova crise com um espantoso riso na cara sem atendermos a essa dicotomia entre governantes legítimos e subalternos que nos rege desde 2004. E sobretudo sem termos em conta que ser subalterno não só não se estranha como se entranha.

Fonte:,Helena Matos, OBSR

A Palavra Mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade