... Quem o afirma é o politólogo alemão Claus Leggewie que põe o pé no travão e reclama: o futuro da União está nos países
do Sul, tão «desrespeitosamente baptizados» como PIGS (porcos, em inglês).
Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain), olhados como «maus alunos, fontes de
ameaças e candidatos à saída da União» são, afinal, essenciais para manter os
alicerces desta Europa unificada, defende Claus Leggewie num artigo de opinião
publicado no «Financial Times Deutschland».
E, diz mais:
«o Muro de Berlim não caiu em 1989 para ser reerguido na bacia do Mediterrâneo».
«Com ou sem a cumplicidade da França, a Alemanha não pode continuar a
fazer o papel de potência hegemónica no seio da União».
O caminho
deve ser, antes, o alternativo: «Uma união flexível de cooperações
transfronteiras, que, ao lado dos parlamentos e das estruturas da sociedade
civil, sejam capazes de fazer frente ao super-Estado implantado em
Bruxelas e de conferir legitimidade democrática às decisões supranacionais». (ler aqui artigo completo)
sábado, 20 de outubro de 2012
Em Que Trai O Homem, Sendo Especialista, A Sua Verdadeira Missão De Homem?
Creio que em vários pontos.
Um deles seria, por exemplo, no que respeita à fraternidade humana. Impedido pela especialização, pela compartimentação do saber, pelo emprego até de uma linguagem que se torna incompreensível para quem não andar exactamente pelos mesmos caminhos, de estabelecer relações com os outros em plano verdadeiramente elevado, o especialista tende ao ideal de uma civilização em que cada minhoca fosse paciente e forçadamente cavando a sua galeria, e daí em grande parte a sua reacção quase instintiva contra o político; daí a facilidade com que colabora em guerras e, dentro das guerras, em engenhos cada vez mais mortíferos e mais bárbaros, com a desculpa fácil de que a guerra é talvez fatal, talvez da natureza humana, e lhe não compete a ele senão olhar a sua retorta ou apertar o seu parafuso; daí o até agradecer, embora com um certo jeito de quem consente em extravagâncias, que a própria arte, que lhe poderia dar a chave das portas que o fecham, se tenha também tornado uma questão de especialistas.
E só vem a ter alguma ideia do que seja fraternidade quando bebe, quando joga, ou quando, numa Humanidade em filas e às escuras, olha no cinema, através da mais simples das artes, homens não especialistas cumprindo, bem ou mal, a sua natureza humana.
Agostinho da Silva
Um deles seria, por exemplo, no que respeita à fraternidade humana. Impedido pela especialização, pela compartimentação do saber, pelo emprego até de uma linguagem que se torna incompreensível para quem não andar exactamente pelos mesmos caminhos, de estabelecer relações com os outros em plano verdadeiramente elevado, o especialista tende ao ideal de uma civilização em que cada minhoca fosse paciente e forçadamente cavando a sua galeria, e daí em grande parte a sua reacção quase instintiva contra o político; daí a facilidade com que colabora em guerras e, dentro das guerras, em engenhos cada vez mais mortíferos e mais bárbaros, com a desculpa fácil de que a guerra é talvez fatal, talvez da natureza humana, e lhe não compete a ele senão olhar a sua retorta ou apertar o seu parafuso; daí o até agradecer, embora com um certo jeito de quem consente em extravagâncias, que a própria arte, que lhe poderia dar a chave das portas que o fecham, se tenha também tornado uma questão de especialistas.E só vem a ter alguma ideia do que seja fraternidade quando bebe, quando joga, ou quando, numa Humanidade em filas e às escuras, olha no cinema, através da mais simples das artes, homens não especialistas cumprindo, bem ou mal, a sua natureza humana.
Agostinho da Silva
