Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.
(Hilda Hilst)
Inserido no livro Do desejo, o brevíssimo poema acima concentra uma enorme quantidade de informação em apenas dois versos.
Nas duas linhas percebemos que se passa um diálogo imaginário entre o eu-lírico e o interlocutor, o desejo. O eu-lírico pergunta ao desejo quem ele é, e ouve como resposta uma mensagem que possui múltiplas interpretações possíveis.
Lava faz uma referência ao magma, a abundância que transborda dos vulcões em erupção. Depois da enxurrada do desejo resta o pó, a memória dos acontecimentos. O que se sucede depois do pó é o nada, demonstrando a fugacidade do desejo.

Sem comentários:
Enviar um comentário