domingo, 23 de janeiro de 2011

O Que O Sistema Financeiro Deve Aprender Com A Natureza

Um alto quadro do Banco de Inglaterra, Andy Haldane e um professor de Zoologia da Universidade de Oxford e ex-consultor científico do Governo britânico, publicaram na revista Nature um estudo que liga o sistema financeiro à Biologia e outras ciências.

Nesse estudo RM e AH partem da adaptação de modelos matemáticos para concluir que o sistema financeiro se comporta de forma semelhante aos ecossistemas, mas, com um problema - os banqueiros e os reguladores ainda pensam como os cientistas da natureza pensavam até aos anos 70.

" Os ecossistemas mostram-nos que a diversidade é realmente importante para ter robustez e isso é uma lição importante para o mundo financeiro", disse ao Público AH.

Nos anos que antecederam a crise, cada banco procurou, de facto, diversificar-se, investindo em novos instrumentos financeiros, por vezes demasiado arriscados, como depois veio a comprovar-se. Só que, na busca individual pela diversidade, os bancos fizeram todos as mesmas apostas e o sistema tornou-se excessivamente homogéneo. " Conclusão? Uma falta de diversidade que tornou o sistema financeiro mais frágil. Resultado? O colapso", conclui o director para a estabilidade financeira do Banco de Inglaterra.

É isto que explica também por que é que os fundos de investimento, que se pensava entrariam mais facilmente em colapso, acabaram por sobreviver à crise em melhor forma do que os próprios bancos, visto serem um sector mais pequeno, diversificado e especializado.

De acordo com os autores do estudo, as entidades reguladoras não se aperceberam dessa excessiva homogeneidade da banca porque têm uma abordagem demasiado "micro", centrada individualmente nos bancos e que, por isso, deixa de fora os factores de risco sistémico. O mesmo aconteceu, nos últimos 50 anos, a gestão  de produção feita espécie a espécie, procurando maximizar o rendimento de cada peixe, como o bacalhau. Mas, quando algumas zonas de pesca entraram em colapso, os biólogos marinhos perceberam que não podiam proteger uma espécie sem considerar todo o ecossistema e, nomeadamente, sem proteger as outras espécies das quais o bacalhau se alimentava.

Fonte:Público

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