São raros, muito raros os casos de condenações por negligência médica em Portugal. Nunca percebi se por uma questão de corporativismo durante a investigação e julgamento, se pela dificuldade real em perceber se o médico errou porque os erros fazem parte de todas as profissões, ou porque simplesmente foi mau profissional. Mas no caso do obstetra Artur Carvalho, ou o médico do bebé sem rosto — como ficará conhecido — parece-me que já não restam muitas dúvidas. As evidências mostram que tudo falhou: falhou o controlo do sistema de saúde, falhou a Ordem, falhou a Justiça e falhou-lhe a ele tudo: consciência e o profissionalismo.
Filomena Martins, OBSR