segunda-feira, 29 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (99)

A Utopia é, porventura, a mais premente necessidade do presente. É urgente um novo sonho capaz de uma mobilização das massas. Caso contrário, abandonar-nos-emos ao desânimo, à decadência moral e à nostalgia de um passado que não existiu. Precisamente os sentimentos mais suscetíveis de exploração pelas forças ultrarreacionárias que despontam por toda a parte. Para combater esse movimento do passado, é imperativa uma nova visão de futuro, redentora e corajosa.   (Maria J Paixão, Sábado)

O futuro é agora, mas tem de ser futuro; não pode ser uma versão recauchutada do passado. Defender o SNS é, mais do que tudo, uma nova imaginação coletiva sobre o que significa universalizar e democratizar a saúde, para os que nela trabalham e para os que nele encontram o cuidado que precisam, desde o berço até ao leito de morte. Defender a escola pública é, sobretudo, uma nova imaginação sobre o que significa uma educação pedagógica e socialmente emancipatória. O verbo defender deve hoje assumir uma dimensão pró-ativa, sob pena de esvaziar-se de significado.

Luta


 Fluxo e refluxo eterno... 
João de Deus

Dorme a noite encostada nas colinas.
Como um sonho de paz e esquecimento
Desponta a lua. Adormeceu o vento,
Adormeceram vales e campinas...

Mas a mim, cheia de atracções divinas,
Dá-me a noite rebate ao pensamento.
Sinto em volta de mim, tropel nevoento,
Os Destinos e as Almas peregrinas!

Insondável problema!... Apavorado
Recúa o pensamento!... E já prostrado
E estúpido á força de fadiga,

Fito inconsciente as sombras visionárias,
Enquanto pelas praias solitárias
Ecoa, ó mar, a tua voz antiga.

(Antero de Quental)

domingo, 28 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (98)

    Confundir e tentar usar o mal e o bem dos outros, promover ou rebaixar hoje o que foi feito há séculos, disfarça, por regra, ambições contemporâneas, maus instintos morais e apetites políticos excessivos. Quem quer julgar, hoje, os reis e os escravos de há séculos, quer hoje qualquer coisa. E não se trata apenas de bons sentimentos: quer poder, bens e poleiro. (António Barreto, Público)

O que os portugueses de outros tempos fizeram e de que tanto se fala hoje inclui vários géneros. Uns actos eram “o que se fazia”, muitos eram “as regras do jogo” ou até glórias, outros já eram crimes na altura. E também há obras que começaram por ser glórias e são hoje crimes. Com o tempo, é fácil o bem transformar-se em mal e o mal no seu contrário. 
 
Em vez de indemnizar ou recompensar, não se sabe bem quem, nem quanto, o melhor que temos a fazer é receber bem os estrangeiros, os imigrantes em particular. (...)

Se procuro a paz e a justiça, hoje, quero que os imigrantes sejam legalizados, tenham acesso aos serviços públicos, paguem impostos e beneficiem da segurança social. O que farei porque é aquilo em que acredito, não por ter vergonha pelo que outros fizeram. Porque sei que o tráfico de gente é uma das fontes de crime e violência, lutarei contra os que, nacionais ou estrangeiros, lucram com a ilegalidade, o contrabando e a clandestinidade. (...)

E recuso-me pensar que o descontrolo é uma boa política de democracia e de compaixão. Não é. É o contrário. (ler texto completo)

Inventar É ...


“Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; 
é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. 
Inventar é transcender.”

(Santos Dumont) 

sábado, 27 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde


A Frase (97)

Nem chefe nem Estado - Não foi bem o “prestígio” do cargo que o prof. Marcelo implodiu: foi mesmo a autoridade do cargo, que com dificuldade voltará a ser o que era. Se é que volta.      (Alberto Gonçalves, OBSR)

A Felicidade


Quem nunca percebeu a felicidade no Sol a atravessar a copa de uma árvore terá tanta dificuldade de entender este texto quanto aquele que nunca sentiu ressoar em seu corpo os gritos da multidão a reivindicar direitos. É da natureza da felicidade exigir uma vida de pensamento. Por esse motivo, em vez de correr atrás de uma simples definição, o que a filosofia faz é pensar as condições que fazem da felicidade menos uma conquista do que a constância que possibilita o próprio pensar. Ou seja, a felicidade não está fora do pensamento, como a cenoura que faz o burro caminhar; ao contrário, a filosofia e a felicidade se confundem, como virtudes de uma vida que toma a si própria nas mãos.

Apesar de fundamental, a felicidade é uma ideia impossível de representar: ela surge, aqui e ali, vez ou outra, um tanto imprevisível, nos mais diversos modos de vida. Ou seja, não há imagem capaz de aglutinar em uma só perspectiva o que se apresenta em um florescimento tão variado. Não há nada menos filosófico do que a tentativa de capturar a felicidade em uma receita: nenhum passo a passo é capaz de representar o movimento de um pensamento que se faz a partir da felicidade, porque sentir-se bem dispensa a ideia.

(LAURO, Rafael. A felicidade não é uma pergunta. Razão Inadequada, 2024.)

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

Propostas Com Base Em Dados Concretos.

Um debate político bem informado, que trate os portugueses como adultos, poderia reforçar a confiança na nossa democracia.

A confusão recente à volta do corte do IRS mostra o limite da comunicação política. O debate político tornou-se tão performativo que já não interessa o que está a ser discutido. É compreensível que os políticos sejam ambíguos antes das eleições. As propostas específicas prejudicam sempre alguém. Contudo, mesmo quando se percebeu qual seria o montante do corte do IRS proposto pelo governo e quais os escalões de rendimento afetados, a atenção continua mais focada na forma como a política pública foi comunicada do que no seu conteúdo.

Não seria difícil termos discussões melhores sobre políticas públicas. Uma hipótese a considerar seria incorporar mais os modelos económicos no debate político. Na economia ortodoxa, que conheço melhor, cada pessoa pode ter modelos mentais diferentes sobre como o mundo funciona, e claro, estas visões são moldadas por preferências políticas. No entanto, modelos económicos explícitos, com fórmulas matemáticas e números, disponíveis para análise e replicação, permitem uma discussão séria sobre o que está realmente em causa. Estes modelos são essenciais para comunicarmos os nossos pressupostos, os mecanismos que pensamos ser relevantes, os valores envolvidos nas propostas de políticas públicas, e claro quem beneficia e quem é prejudicado.

O contexto atual de um governo minoritário no parlamento, onde é preciso negociar política a política, é uma oportunidade para discutir propostas com base em dados concretos. Seria benéfico até ter um organismo independente que avaliasse as políticas públicas, como alguns países têm. Mas já era bom partilhar as propostas concretas, garantir que os dados necessários estão disponíveis, e haver disponibilidade para o debate.    (Gonçalo Pina, ECO)

Estas São As Frases

Esta foi a batata quente que Marcelo decidiu atirar para as mãos de Montenegro e de todos nós. Sem especificar a que se referia, sem fundamentar o que quer que fosse, dando azo a todas as especulações.          (João Pedro Marques, OBSR)
 
Esta é, portanto, uma surpresa — desagradável surpresa, diga-se —, de alguém que vai no arrasto do wokismo que grassa nas sociedades ocidentais e que também toca certos sectores do mundo católico. Resta saber se Marcelo vai nessa onda por se ter convertido sinceramente ao wokismo ou apenas porque tem a irresistível necessidade de falar e de ser falado. Em qualquer dos casos estas tiradas do PR constituem não uma solução, mas um problema para o governo e para o país.

O Zelig de Belém - Onde quer Marcelo chegar? Limpar a imagem da sua ligação ao antigo Regime (o pai foi um alto dirigente do Estado Novo), “matando o pai” e “assassinando” o filho na praça pública… só para ser aceite pela esquerda woke? Deplorável!       (Camilo Lourenço, JNegócios)

As últimas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa deixaram o país em choque. Num só dia, e numa só ocasião, o Presidente da República conseguiu disparatar sobre 4 temas: as “gémeas”, a relação de Portugal com as ex-colónias, as características sociológicas e culturais de dois primeiros-ministros e as motivações políticas da PGR.

As Nossas Sociedades Ocidentais


 As nossas sociedades ocidentais estão a viver uma silenciosa mudança de paradigma: o excesso (de emoções, de informação, de expectativas, de solicitações...) está a atropelar a pessoa humana e a empurrá-la para um estado de fadiga, de onde é cada vez mais difícil retornar. O risco é o aprisionamento permanente nesse cansaço.     

(José Tolentino Mendonça)

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (96)

Fernando Salgueiro Maia.
Foste um herói
ao comandar a patrulha da alvorada.
Voltaste a ser um herói
quando decidiste retirar-te ao pôr-do-sol
deixando outros pavonear-se sob o clarão dos holofotes.
Recusaste ficar exposto na vitrina.
Recusaste servir de bandeira.
Recusaste ser "vanguarda revolucionária".
Recusaste ser antigo combatente.
Recusaste dar pretextos para dividir.
Tu que foste um poderoso traço de união entre os portugueses
naquelas horas irrepetíveis em que tudo podia acontecer.

(Frase retirada do poema 'MEU CAPITÃO' , da autoria de Pedro Correia no DELITO DE OPINIÃO)

O 25 de Abril Que Falta

(Futuro)
Somos um país de braços abertos. Somos muito abertos, muito internacionalistas, muito amistosos. Somos portugueses, porra!

O 25 de Abril que falta - E se os descobrimentos ainda estivessem por cumprir e se nos faltasse descobrir as pessoas que cá estão? E se, em vez de terras longínquas, nos faltasse agora descobrir pessoas?

Se Portugal se perdeu, a culpa é nossa, mais do que quem manda em nós. Nos casos mais flagrantes de destruição, o poder político não tomou a iniciativa – fechou os olhos e, por subserviência ou suborno, tornou-se impotente, foi conivente -, deixou.

(Miguel Esteves Cardoso, Público)

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde


O Efeito-Bugalho É Ainda Uma Incógnita

A  escolha do jornalista e comentadore Sebastião Bugalho como cabeça de lista da AD para as europeias agitou a vida político-mediática portuguesa como não se via há muitos anos. Nas últimas 48 horas, ouviu-se de tudo para diminuir uma candidatura que rompe com um certo estado de sítio, uma estagnação em águas que estão sempre reservadas aos mesmos.

(...) O efeito-Bugalho é ainda uma incógnita. A sua capacidade intelectual e consistência de pensamento só podem ser desvalorizados por má fé (ou ignorância), mas essas condições estão longe de garantir uma vitória eleitoral. Desde logo, vai ter um caminho difícil porque os jornalistas não lhe vão facilitar a vida. Mas Bugalho tem a obrigação de contar com isso, e não deve pedir outra coisa senão a verdade. (...)

Sebastião Bugalho (...) desconhece-se ainda o que é a sua visão para Portugal na Europa, para o futuro da União Europeia. Mas tem virtudes para um candidato da AD: Fala aos jovens, fala à direita alargada, aquela que inclui o PSD de Montenegro, de Passos, aos centristas e até novos eleitores do Chega. Conservador e católico, alarga o mercado eleitoral da AD. E nestas eleições europeias, a televisão vai ter mais importância do que noutras.  (...)

Mas, tudo isto dito, o que se pode dizer de Marta Temido, a cabeça de lista do PS? Alguém sabe dizer hoje se Temido, a principal responsável pelo estado a que chegou o SNS, tem um pensamento que seja sobre a Europa  

(António Costa, ECO)

A Frase (95)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito. Para se cumprir Abril, não só mas acima de tudo, deve-se cumprir Novembro.   (Pedro Gomes Marçalo, OBSR)
 

(...) A liberdade, ontem como hoje, teve, tem, e terá sempre um preço.
E o preço da liberdade, é a democracia. 

E o preço da democracia é o pluralismo. É o diálogo, são e vivo. (...)

O preço da democracia é a capacidade de (con)viver, com o Outro, ao invés de nos reduzirmos a um qualquer instinto animalesco de destruição colectiva.7

É, por isso e no mínimo, estranho que há 50 anos tenhamos sabido pegar em armas sem, no entanto, cair numa sangrenta e inconsequente revolução, e não queiramos hoje pegar numa conquista desse tempo– a voz livre – e exigir que o 25 de novembro tenha o mesmo destaque, e solenidade, porque o merece. (...)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito, e, na inércia daqueles que vivem do espírito democrático, vão-se alimentado dessa mesma retórica.

Para se cumprir Abril, tem de se, não só mas acima de tudo, cumprir Novembro. 

Sintonia Para Pressa E Presságio


Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.

Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde