quarta-feira, 9 de abril de 2025

Fragmentos

 
Aceita o transitório; nada do que
é definitivo, dura, te pode atingir

Algo de visível perpassa
nos limites do ser.

De noite, o vento partiu
um dos vidros das traseiras.

Só o ruído da noite sobrevive
à luz e ao furor matinais.

(Se aquelas nuvens, no horizonte,
chegassem até mim…)

O fragmento, porém, exprime
o estilhaçar da intensidade.

No último fragmento, fixa
o efémero e repousa.

(Nuno Júdice)

terça-feira, 8 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (90)

Trump decidiu virar o tabuleiro de xadrez ao contrário e recomeçar a partida com novas regras. Muito provavelmente, a economia global entrará, em recessão, ou no mínimo vai crescer mais lentamente. E, ao mesmo tempo, teremos um aumento da inflação, com os consumidores dos grandes blocos económicos a suportarem tarifas elevadas quando comprarem bens importados (é bom lembrar que quem paga as tarifas não é quem exporta, mas sim quem compra os produtos) (...)  (Filipe Alves, DN)

Porém, mais do que saber se Trump está certo, devemos olhar para os efeitos que as suas medidas protecionistas terão na economia global e, claro, na portuguesa. (...)

Foram os bens de consumo baratos fabricados na Ásia que, em larga medida, permitiram o longo período de baixa inflação e de taxas de juro reduzidas a que nos habituámos nos últimos 30 anos. Com esta guerra comercial, é esse mundo que desaparece. E o aumento da inflação obrigará alguns bancos centrais a repensarem as suas políticas monetárias, sendo que, ao mesmo tempo, não terão grande margem para subir as taxas de juro sem causar ainda mais estragos na economia. (...)

Neste contexto, Portugal continuará a ter algumas vantagens, com a segurança e a estabilidade do país, mas será de esperar algum impacto no turismo e em outras áreas-chave da nossa economia. Mais uma razão de peso para que das eleições de 18 de maio saia uma solução governativa estável. Os tempos não estão fáceis!

Para Não Sentir Medo ....


“Se o seu coração é absoluto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante,
não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros

(Dalai Lama)

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Trump Dá Sinal Verde Para O Abate De Árvores Em Metade Das Florestas Dos EUA

Trump dá sinal verde para o abate de árvores em metade das florestas dos EUA

Objectivo de Trump é fortalecer a indústria madeireira dos EUA. Decreto pesidencial visa alterar a gestão florestal para aumentar a produção de madeira em 25 por cento.

Trump dá sinal verde para o abate de árvores em metade das florestas dos EUA
Joe Biden evitou o abate de árvores ricas em carbono, a maioria das quais com mais de 100 anos

Fonte: Angie Orellana Hernandez, Público 

Bombas Lançadas Pelo Mundo A Partir Do Jardim Das Rosas No Cenário da Casa Branca

 Bombas lançadas pelo mundo a partir do Jardim das Rosas. No cenário da Casa Branca, o Presidente Trump surge como o novo controlador do mundo para anunciar os termos iniciais da nova ordem internacional. Há algo de cínico, falso, cruel, arrogante, na pose e na encenação de Trump. 

O cenário das bandeiras no intervalo das colunas, a pedra dos dez mandamentos retirada de uma produção de Hollywood. É a vitória do kitch. As tarifas voam pelos céus da política como o fim de uma época e o regresso ao futuro. As tarifas são o carpet bombing em números arbitrários explicados com a excitação de um adolescente cidadão sénior.

As tarifas são a face política invisível de um movimento para refundar a América nas bases de uma visão neo-reaccionária, anti-democrática, anti-igualitária, proteccionista, libertária, mais o restabelecimento da ordem natural das coisas de acordo com o movimento evangélico-sionista. A reunião de todas estas características pode oscilar entre o absurdo e o cómico, mas é o absurdo e o cómico que governa a América. (...)

A fonte do pensamento de Trump é a convicção de que a democracia é incompatível com a liberdade. Para o Presidente, o governo federal deve ser encarado como uma grande corporação empresarial em que os cidadãos são considerados clientes. (...)
A fonte do pensamento de Trump é a convicção de que a democracia é incompatível com a liberdade. Para o Presidente, o governo federal deve ser encarado como uma grande corporação empresarial em que os cidadãos são considerados clientes.    (Exertos do texto de Carlos Marques de Almeida, ECO)

A Frase (90)

Em 2015, António Costa e o Partido Socialista abriram aquilo a que podemos chamar de “a caixa de Pandora da política portuguesa”. Contra factos não há argumentos: ela foi, de facto, aberta! Este acto transformou completamente o contexto, a lógica e a estrutura parlamentar que conhecíamos. Desde o primeiro momento, alguns de nós perceberam que isso teria um preço elevado e os resultados que colhemos hoje, dez anos depois, são claros e evidentes.    (Sara Ramos, OBSR)

Uma verdade incontornável é que nenhum eleitor, estou convicta disso, que votou nas eleições legislativas naquele ano imaginava o desfecho que se concretizou. Depositámos o nosso voto confiando na racionalidade dos anos anteriores de democracia, acreditávamos estar a contribuir para o progresso do país. 

Contudo, o inesperado aconteceu: quem venceu as eleições não governou. António Costa, que destituiu António José Seguro da liderança do PS por ganhar “por poucachinho” (segundo as suas próprias palavras) nas eleições europeias, perdeu nas legislativas e usurpou o poder – não há forma mais simpática de colocar a questão. Pior ainda, o país aceitou, em 2015, corroborou, em 2019, e validou em 2022 essa decisão, reforçando um precedente que nos deixou em estado de choque. Essa experiência ensinou-nos, enquanto eleitores, a olhar com maior cautela para onde depositamos o nosso voto. (...)

Durante a governação de António Costa, o PS teve várias “paixões”. Primeiro, foi a saúde! Prometia-se que até ao final de determinado ano – já nem me recordo qual – todos os portugueses teriam médico de família. Salvar o Serviço Nacional de Saúde tornou-se o objectivo principal. Montenegro repetiu a mesma promessa, mas deveria ter aprendido com os erros alheios. A verdade é que, em 2025, eu ainda não tenho médico de família. Nem eu, nem mais 1.500.000 de portugueses. (...)

Na legislatura seguinte, veio a paixão pela educação. A salvação do sistema educativo era prioridade, mas os resultados do PISA mostraram-nos o quão distante estávamos desse objectivo. Depois, o foco mudou para a habitação. A certa altura, passámos a temer qual seria a próxima paixoneta governamental, porque, ao contrário de Midas, onde o PS tocava o resultado era latão, não ouro.(...)

Há muito a dizer sobre esses anos de governação, ou melhor, estagnação – mas até para a morte há desculpa, e todos nós já conhecemos o discurso. O grande dilema agora reside em saber onde confiar o nosso próximo voto. As regras mudaram, e o voto, que antes contribuía para eleger quem governava, pode já não garantir esse direito, apesar de ser legítimo.

Obrigada, António Costa, pela subversão do sistema!

A sua demissão de uma maioria absoluta não foi motivada por um parágrafo da Procuradoria-Geral da República. Não! O então primeiro-ministro tinha os seus próprios planos delineados, e aquela maioria absoluta colidia com as suas ambições pessoais. Basta recordar a expressão de enfado com que surgiu na noite das eleições de 2022, após alcançar a maioria absoluta. Se revirem as imagens no YouTube, certamente concordarão comigo. Era do conhecimento geral a sua aspiração ao Conselho Europeu, e, surpreendentemente, ele conseguiu concretizá-la.
  • Agora, olhemos para o dia depois de amanhã. Não devemos esquecer o passado. 
  • Esta é a nossa oportunidade de construir algo verdadeiramente produtivo para o país. 
  • É a nossa hora, a hora “dos outros”. Votemos em consciência, acreditando no melhor para o país, seja no programa mais sólido, na ideologia que defendemos ou nas soluções que julgamos apropriadas. 
  • Mas votemos com responsabilidade, não em protesto! 
  • É o nosso primeiro poder! 
  • Não deixemos que a apatia ou o descontentamento ditem o futuro. 
  • Cabe-nos a nós, enquanto cidadãos, contribuir para um país mais eficiente, produtivo e alinhado com os interesses nacionais e internacionais. Parece uma utopia, mas não é. Depende apenas de nós.
Nota: assim acontrceu - não diria melhor.

O Ponto De Interrogação Que É O Futuro De Todos Nós



"Pois, diante desse imenso ponto de interrogação
que é o futuro de todos nós, reformulei minhas
crenças: estou me dando o direito de não pensar
tanto, de me cobrar menos ainda, e deixar para
compreender depois. Desisti de atracar o barco
e resolvi aproveitar a paisagem."

(Martha Medeiros)

domingo, 6 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (89)

Trump destruiu o mundo que Roosevelt concebeu em 1942, numa conversa na Sala Oval. No dia 2 de Abril, a que chamou “Dia da Libertação”, Trump concluiu a destruição da ordem económica que o seu país construiu desde a II Guerra.       (Teresa Sousa, Público)

Cinco Palavras Cinco Pedras

Antigamente escrevia poemas compridos
Hoje tenho quatro palavras para fazer um poema
São elas: desalento prostração desolação desânimo
E ainda me esquecia de uma: desistência
Ocorreu-me antes do fecho do poema
E em parte resume o que penso da vida
Passado o dia oito de cada mês
Destas cinco palavras me rodeio
E delas vem a música precisa
Para continuar. Recapitulo:
desistência desalento prostração desolação desânimo
Antigamente quando OS deuses eram grandes
Eu sempre dispunha de muitos versos
Hoje só tenho cinco palavras cinco pedrinhas

(Ruy Belo)

sábado, 5 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Não Há Nada Pior Do Que O Sectarismo Fanático Em Democracia

É possível pensar o pior dos tempos que vivemos. Há eleições a mais ou sem resultados que permitam viver melhor. Há hostilidade entre os partidos, mais do que seria normal em democracia. Assim como há dissensão dentro dos partidos, o que acaba sempre por ter maus resultados no país e na sociedade. Os adiamentos de grandes projectos e obras importantes, como a reserva de água, a florestação e a rede ferroviária, já custam muito caro e vão-se transformando em pesadelo. As grandes reformas, como as da Justiça e da Saúde, estão novamente adiadas, mais difíceis e mais caras. (...)

Se o número de eleitos afectos à causa pública e à democracia for suficiente para que se chegue a acordos e a projectos comuns, a objectivos parecidos e a um programa de futuro imediato capaz de evitar o desastre, então sim, vale a pena confiar. Trabalhar por isso e para isso. O que não exclui diferença e debate. Não há nada melhor do que um debate livre em democracia. Não há nada pior do que o sectarismo fanático em democracia. Assim, será possível. Ou não. Se todas estas eleições repetirem o que actualmente está nas cartas, a dissensão e a hostilidade, a fragmentação e a rivalidade marialva, então não, o progresso não será possível e os portugueses podem preparar-se para anos piores.  (...)

Ainda há meios disponíveis para acudir, como os financiamentos previstos e prometidos para Portugal. A economia portuguesa parece ter reagido melhor do que se receava, até agora. Ainda há um presidente pronto a colaborar. Há vários candidatos a Presidente com currículo e provas dadas. Apesar do chauvinismo existente dentro do PS e do PSD, há, nestes dois partidos, algumas pessoas com sensatez e uma visão realista. Não parece que as ameaças populistas, desordeiras e caóticas sejam já tão fortes e inevitáveis que nada as faça recuar ou desaparecer. (...)    ( Excertos do texto de António Barreto, Público via Jacarandá)   

A Frase (88)

O "Dia da Libertação" de Trump destruiu a ordem comercial vigente e a imagem dos EUA no mundo.  (André Veríssimo, ECO)

O Dia da Libertação” de Trump trouxe um aumento das taxas aduaneiras ainda maior do que o esperado, destruindo os fundamentos sobre os quais tem assentado o comércio internacional global. 
 
A administração Trump pode imaginar uma nova “era de ouro” para os EUA, marcada por um renascimento industrial. O impacto pode, na verdade, ser um regresso às trevas. A revista The Economist escreve que Trump cometeu o “mais profundo, prejudicial e desnecessário erro económico da era moderna”. Histórico, de facto. (...)

Deve a União Europeia retaliar?

A retaliação deve ser bem medida. A imposição de novas tarifas irá encarecer os bens importados dos EUA, incluindo os que são usados para fabricar outros produtos, castigando as empresas. Seja porque parte desse custo é internalizado nas margens, seja porque têm de vender mais caro e, por isso, vendem menos. (...)

A UE enfrenta outra ameaça: com o mercado americano “bloqueado”, os países mais afetados pelas tarifas vão procurar vender os seus produtos aos perto de 450 milhões de consumidores dos 27. “A Europa prepara-se para uma invasão de produtos chineses após as tarifas de Trump“, diz um título desta sexta-feira de manhã do Financial Times.

O dilema está entre preservar a economia ou enviar um sinal político forte. (...)

Até a China de Xi Jinping parece agora mais recomendável para cultivar relações estreitas. Da Europa à Ásia, já se ensaiam reaproximações.

Os EUA não se libertaram, fecharam-se sobre si mesmos. Os países ainda presos à hegemonia americana farão por se libertar das amarras, seja no comércio ou na defesa.

Sopro ...


Não tenhas medo...
É apenas o momento,
que chega...
E que vai...
Tal como tudo na vida,
esta é a constância,
onde tudo é chegada...
Onde tudo é partida...

(Freya)

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Saiba Como Vai Este País

 No meio do imenso ruído dos comentários e da ocupação do espaço mediático a entrevista de António Barreto ao “Diário Notícias”, na semana passada, passou quase despercebida. E no entanto é das mais importantes e lúcidas análises do estado da sociedade, do funcionamento das instituições e do comportamento dos partidos. 

Barreto recorda alguns dados importantes sobre eleições recentes e os valores da abstenção, que já atingiram 45% nas autárquicas, 50% nas legislativas e 60% nas presidenciais, e sublinha que, nestas condições, é uma minoria de cidadãos e uma minoria de eleitores quem governa e decide sobre o país, enquanto a maioria dos cidadãos se desinteressa da política e democracia. 

Por outro lado, sublinha António Barreto, “os partidos, tal como os conhecemos há décadas, estão desajustados. Parecem ser apenas apreciados pelos seus membros. Quanto ao resto da população, são vistos como parasitas. Convém não esquecer que mais de 90% dos cidadãos e dos eleitores não são membros de partidos. As imagens e as percepções são eloquentes. Antes, eram as vanguardas ou as elites. Hoje são os oportunistas, os que não querem trabalhar, os que vivem à custa dos contribuintes. (...)

Mas não tenhamos dúvidas: as culpas do mau estado em que se encontra a Justiça pertencem a ambos os lados, aos seus profissionais e aos políticos e legisladores. Tem-se a impressão de que a Justiça portuguesa evitou e resistiu à democracia.”

(Falcão, A Esquina do Rio)