sexta-feira, 4 de abril de 2025

Saiba Como Vai Este País

 No meio do imenso ruído dos comentários e da ocupação do espaço mediático a entrevista de António Barreto ao “Diário Notícias”, na semana passada, passou quase despercebida. E no entanto é das mais importantes e lúcidas análises do estado da sociedade, do funcionamento das instituições e do comportamento dos partidos. 

Barreto recorda alguns dados importantes sobre eleições recentes e os valores da abstenção, que já atingiram 45% nas autárquicas, 50% nas legislativas e 60% nas presidenciais, e sublinha que, nestas condições, é uma minoria de cidadãos e uma minoria de eleitores quem governa e decide sobre o país, enquanto a maioria dos cidadãos se desinteressa da política e democracia. 

Por outro lado, sublinha António Barreto, “os partidos, tal como os conhecemos há décadas, estão desajustados. Parecem ser apenas apreciados pelos seus membros. Quanto ao resto da população, são vistos como parasitas. Convém não esquecer que mais de 90% dos cidadãos e dos eleitores não são membros de partidos. As imagens e as percepções são eloquentes. Antes, eram as vanguardas ou as elites. Hoje são os oportunistas, os que não querem trabalhar, os que vivem à custa dos contribuintes. (...)

Mas não tenhamos dúvidas: as culpas do mau estado em que se encontra a Justiça pertencem a ambos os lados, aos seus profissionais e aos políticos e legisladores. Tem-se a impressão de que a Justiça portuguesa evitou e resistiu à democracia.”

(Falcão, A Esquina do Rio)

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