quarta-feira, 30 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (108)

 Os grandes problemas que ocorreram não terão sido ao nível da comunicação do Governo (apesar de várias falhas) ou da Proteção Civil, ao contrário do que Pedro Nuno Santos defendeu no calor do momento. A verdadeira falha foi sobretudo o facto de, nos últimos anos, não se ter procurado diminuir a dependência energética face a Espanha. Mais: em 2022, quando se encerraram as centrais elétricas de Sines e do Pêgo, houve quem alertasse para o risco de um apagão, por não haver alternativas. Mas esses alertas foram ignorados pelo governo liderado por António Costa, do qual, recordemos, o atual líder do PS fez parte.         (Filipe Alves,DN)

Liçoes a ter em conta:

A falta de preparação verificou-se em aspetos como o provisionamento de gasóleo para os geradores dos hospitais, que seria suficiente para apenas 48 horas (...)

Necessidade de tentar blindar, na medida do possível, os sistemas de telecomunicações. Isto para que possam manter um nível mínimo de funcionamento durante uma situação extraordinária em que a rede elétrica esteja desligada. (...)

A forma ordeira como a população respondeu a esta situação.

A grande lição do apagão: não podemos dar por adquiridos o nosso modo de vida e as nossas liberdades. Temos de estar preparados, enquanto indivíduos e como sociedade, para enfrentar estes eventos que, de um dia para o outro, podem colocar o nosso mundo de pernas para o ar. E no meio de todo o azar, tivemos a sorte de poder aprender com este incidente sem que até ao momento se tenham registado vítimas mortais.

terça-feira, 29 de abril de 2025

As Palavras Aproximam

As palavras aproximam:
prendem-soltam
são montanhas de espuma
que se faz-desfaz
na areia da fala
Soltam freios
abrem clareiras no medo
fazem pausa na aflição
Ou então não:
matam
afogam
separam definitivamente
Amando muito muito
ficamos sem palavras

 (Ana Hatherly)

Notícias Ao Fim Da Tarde

Saiba Como Vai Este País

Montenegro: resposta ao apagão foi "altamente positiva e forte" face a circunstância "grave e inesperada" 

Luís Montenegro fala em São Bento, com o Conselho de Ministros extraordinário sobre o apagão desta segunda-feira ainda reunido a “aprofundar a avaliação de tudo o que aconteceu”

A Frase (107)

Os candidatos a Primeiro-Ministro têm de perceber que não é através do confronto entre a virtude da esquerda e a virtude da direita que se vai resolver o impasse democrático.  (Carlos Marques de Almeida, ECO)

Há um ano o debate entre os dois pretendentes a Primeiro-Ministro teve lugar num teatro habituado ao vaudeville da revista à portuguesa. Em redor, uma guarda de honra clandestina de polícias manifestava-se pelo direito ao “subsídio de risco”. Desta vez o debate ocorre na sequência das celebrações do 25 de Abril e dos confrontos no Rossio entre neo-fascistas e neo-democratas. 

Os imigrantes, alvo da manifestação proibida, não passaram de meros espectadores neste conflito local entre forças que se odeiam. Afinal o ódio é mais democrático do que se pode pensar – odeiam-se os nossos tal como se odeiam os outros. O debate para Primeiro-Ministro tem um prólogo com o líder do PS na Avenida da Liberdade e o Governo confortável à janela.

De volta à imigração que tanto tem carburado o debate político entre PS e PSD. Parece que o país tem cerca de um milhão e meio de imigrantes. Discute-se a “política das portas abertas”, discute-se a exigência de uma “imigração regulada” (...)

Mas a liberdade de quem? A liberdade de quem é imigrante ou a liberdade de quem nunca foi imigrante? Para os neo-fascistas a visita ao Rossio no dia dos cravos tem o aspecto de uma incursão a um território nacional ocupado. Na mentalidade destes grupos o país está transformado numa “colónia”, o país é alvo de uma conspiração internacional para concretizar a “grande substituição” – a ocupação da Europa por uma nova população migrante com a mudança completa dos hábitos e dos costumes e a edificação de uma Nova Europa. (...)
Discursar com os punhos ou argumentar com agressões é comum a todas as forças da direita radical por que essa é a sua forma de fazer política – intimidar, destruir, dominar.

O CHEGA (...) O discurso é o mesmo apenas adaptado ao “entrismo” democrático e parlamentar, mas a violência simbólica transpira por entre as sílabas e a mensagem política tem o primarismo dos comícios e o ódio das ruas ocupadas por imigrantes. (...) 

A Razão ...

“Entendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada, 
mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não 
pode ser contrária a outra.”

(Wilhelm Leibniz)

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Notícias Ao Início Da Noite

Tudo É Encontrar Qualquer Coisa


 
Tudo é encontrar qualquer coisa. Mesmo perder é achar o estado de ter essa coisa perdida. Nada se perde; só se encontra qualquer coisa. Há no fundo deste poço, como na fábula, a Verdade.
Sentir é buscar.

Na realidade do pensamento humano, essencialmente flutuante e incerto, tanto a opinião primária, como a que Ihe é oposta, são em si mesmas instáveis; não há síntese, pois, nas coisas da certeza, senão tese e antítese apenas. Só os Deuses, talvez, poderão sintetizar.

A estes escritos chamo antíteses porque representam, em sua íntima substância, contra‑opiniões, desmascaramentos, desilusão. À certeza com que cada um pensa o que julga que pensa convém opor a certeza com que se pode pensar o contrário, com que se consegue tornar lógico o absurdo [...]  (Fernando Pessoa)

domingo, 27 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (106)

Donald Trump quis redefinir a ordem política e económica, mas, por ora, são os EUA e o próprio que mais perdem.  O blitzkrieg do Presidente dos EUA destruiu uma ordem comercial com décadas, ameaçou os aliados mais próximos, trouxe o imperialismo para a Casa Branca, arrasou o soft power americano, desafiou a autoridade dos tribunais, atacou a independência das universidades e cortou o financiamento à ciência.   (André Veríssimo, ECO)

(...) O novo mundo de Trump é um regresso ao velho mundo. Seja o aumento brutal das taxas aduaneiras ou a expansão através da aquisição de novos territórios, é como se recuássemos ao século XIX. Agora é o Canadá e a Gronelândia, em 1803 foi o Louisiana, em 1819 a Florida ou em 1867 o Alasca.

Quase 100 dias depois, as bolsas contabilizam uma queda de 14%, o pior registo de um Presidente desde, pelo menos, 1928, emagrecendo o rendimento de muitos americanos.

Tão negativo para a economia como as medidas é a volatilidade com que são aplicadas. A incerteza sobre o que serão as regras no próximo mês ou na próxima semana paralisa a iniciativa económica.

Vida

Chega um momento na sua vida, que você sabe:
Quem é imprescindível para você,
quem nunca foi,
quem não é mais,
quem será sempre!

(Charles Chaplin)

sábado, 26 de abril de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Estas São As Frases

A pergunta é muito frequente: “O 25 de Abril cumpriu-se?”. A resposta é clara: sim! A frase é muito repetida: “O 25 de Abril não se cumpriu!”. O comentário é simples: Sim, cumpriu-se! 

Outra frase é parecida: “Falta cumprir o 25 de Abril!”. Não, não é verdade, não falta cumprir o 25 de Abril. 

Uma frase é também curiosa: “É preciso outro 25 de Abril!”. Não, não é preciso. Nem é possível. Está feito. (...) 

Sem esquecer a frase mais dramática, diante de qualquer desastre, atraso, incompetência, injustiça ou pobreza: “Foi para isto que se fez o 25 de Abril?”. Não, não foi para “isso” que se fez o 25 de Abril, foi para permitir a liberdade dos portugueses. 

 E lembrando também a sua versão mais vaidosa, reservada a certas pessoas: “Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril!”. Sim, foi para isso que fizeram o 25 de Abril, isto é, foi para o mal e o bem, a glória e a miséria, o erro e a bondade.

O 25 de Abril não tem herdeiros, nem legatários. Não tem testamenteiros nem proprietários. Não há fiscais do cumprimento do 25 de Abril. Não há sacerdotes da fidelidade aos princípios do 25 de Abril.

O 25 de Abril não pode servir como desculpa ou pretexto para todas as ideias políticas e sociais, para as injustiças e incompetências. O 25 de Abril não é culpado pelo mal que se fez, nem responsável pelo bem que se realizou.

O 25 de Abril não tem culpa do crescente desinteresse do Estado pelos serviços públicos. Isto é, não é por causa dele que os políticos e os partidos, sobretudo o PS e o PSD, deixaram a Justiça degradar-se e o SNS declinar.

O 25 de Abril não tem culpa na descolonização mal feita nem no tratamento infame infligido aos repatriados e retornados.

O 25 de Abril não provocou a emigração de centenas de milhares de portugueses, nem a imigração de centenas de milhares de estrangeiros. (...)

O 25 de Abril não é responsável pela permanente instabilidade das instituições políticas, pela sucessão de eleições antecipadas nem pelas repetidas dissoluções do Parlamento.

O 25 de Abril não é o autor nem o responsável pela persistência, na sociedade portuguesa, da corrupção, do favoritismo das cunhas e do nepotismo.

O 25 de Abril não tem responsabilidades no crescimento da mais forte corrente de demagogia que Portugal conheceu nos últimos vinte ou trinta anos e que é protagonizada pelo partido Chega…

 (António Barreto, Jacarandá, texto na íntegra aqui,vale a pena ler )

Nota: António Barreto obrigada por ser desde sempre a voz da razão que nos faz ainda acreditar que há alguém lúcido neste país ao qual muito tem dado sem nada pedir em troca. Bem Haja!