
Em Portugal, já depois de BPN, BPP, BES e Banif, ninguém no seu perfeito juízo pode dizer que a tempestade passou. E todos sabemos que os contribuintes pagaram milhares de milhões de euros, tenham sido as decisões dos governos da República, tenham sido do Banco de Portugal. E sabemos igualmente que investidores incautos, como os lesados do BES, tiveram de pagar duas vezes, como investidores e como contribuintes. Há, portanto, reformas profundas para fazer na regulação, dando-lhe poder e meios efectivos para evitar colapsos que, pela sua dimensão, terão sempre enormes custos para os contribuintes e para os investidores, seja quem for a decidir. No final, a decisão é sempre política e, por isso, a autonomia dos bancos centrais nunca pode ser confundida com independência. Não pode haver dois governos. Um para os contribuintes que tudo pagam e outro para os accionistas que vivem bem com reguladores que não são capazes de ver a bomba, mas estão lá para ajudar quando ela rebenta.
O erro dos socialistas foi o de terem alimentado a ideia de que o problema é o actual governador, escolhido em primeiríssima mão por um governo do PS para substituir um governador que tinha sido líder do partido e que estava de partida para o BCE. Com isso condicionaram a discussão, que é preciso ter, sobre o papel do Banco de Portugal em decisões que são claramente políticas e que, por isso, devem ter um maior escrutínio democrático.
Opinião de: Paulo Baldaia, DN
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