segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A Frase (295)

 Parece que esta pergunta, aplicável a qualquer democracia – o que quer a maioria? – tem sido diminuída, por agendas que, essencialmente, perguntam: o que querem as minorias?         (Jorge Barreto Xavier, OBSR)

Numa regra aritmética simples, poderá perceber-se que minoria, em termos quantitativos, é menos que maioria. Tem-se procurado superar este fosso quantitativo através de um argumento qualitativo – o da superioridade moral de certas minorias. A comunicação social, nas democracias ocidentais, tem dado ascendente a grupos académicos e culturais que representam minorias. É mau dar voz às minorias? Evidentemente que não. Todavia, há uma outra questão, tão importante como essa: não é preciso dar voz às maiorias, nos mesmos meios, com o mesmo destaque?

A presunção da superioridade moral de certas minorias face a maiorias, nas últimas décadas, criou um ambiente de ressentimento pessoal e social. (...)

No que respeita a eleições, a maioria dos eleitores atuais está mais preocupada em saber quem são os políticos que lhes prometem duas coisas: melhores salários e mais segurança.

Todavia, o que a minoria bem-pensante tem tomado como mote para o debate eleitoral é a defesa dos direitos de certas minorias (não de todas as minorias), a desconstrução dos modelos tradicionais de família e dos valores que lhes estão associados, a desconstrução da ideia de masculino e feminino e dos valores que lhes estão associados. (...)

Coisa diferente do apoio necessário às minorias é querer impor às maiorias as agendas de certas minorias, em detrimento das agendas maioritárias. (...)

O que querem as maiorias? Para os projetos de poder, resolver os problemas das maiorias ou corresponder às suas expetativas é um segundo passo a cuidar, depois da conquista do poder. Promete-se. Depois, logo se vê.

E neste processo, não está em causa qual é a agenda moral mais próxima de um valor moral superior. Está em causa, simplesmente, qual é a agenda que prevalece.

Estão, agora, a colher-se os frutos desta sementeira de arrogância de certas esquerdas e minorias colocadas no altar da comunicação e do poder. (...)

Atendendo às fortes interdependências, um novo tempo começa nas democracias europeias.

No nosso continente, a responsabilidade dos políticos idealistas, honestos e defensores de valores universais, incluindo, a defesa das minorias, é grande.

Para reconstruir a coesão social. Repor a “honra” das maiorias. Estimular a criação de riqueza. Gerir a sanidade das contas públicas. Aumentar os gastos com defesa e segurança  – a defesa militar e também aquela que respeita à segurança no espaço público físico e digital. Enfrentar ameaças várias de cancelamento e censura e assegurar a liberdade de expressão. A tarefa é difícil e não tem resultados assegurados. Exige visão, valores, inteligência, determinação, capacidade de ação.

Neste 25 de Novembro, data associada à consolidação da democracia portuguesa, há 49 anos atrás, caminhar, saber fazer contas sobre a realidade, é básico.

Não se trata de viver na ditadura das maiorias. Trata-se de respeitar as regras do jogo democrático e olhar em frente, se possível, vendo longe. (Texto integral aqui)

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