Era noite alta na campina.
Acima dela, em meio à bruma, os espíritos dançavam.
O poeta sabia disso.
No seio da madrugada, ele aguardava a comunicação da inspiração.
Longe, um galo cantava anunciando as luzes da aurora.
O poeta sabia que a noite se tornava mais escura um pouco antes do nascer do sol.
O canto do galo avisava que logo as trevas da noite explodiriam em luz.
Quieto, ele esperava.
Em seu coração, ele agradecia.
Ele sabia que as trevas da noite e a luz da aurora faziam parte do grande círculo da vida.
O dia e a noite eram irmãos.
O inverno e o verão, apenas extremos além da primavera...
Em seu coração, ele sabia das alternâncias vitais.
Em seu coração, ele escutava os espíritos em festa na natureza.
E eles lhe diziam, no silêncio da inspiração:
"Salve, irmão!
(Wagner Borges)
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