Os EUA são hoje uma democracia transmutada em plutocracia: o niilismo ético de uma “sociedade de mercado”, onde tudo se compra e vende, incluindo os presidentes (a Forbes registou 83 bilionários financiando Kamala, contra os 52 de Trump). (Viriato Soromenho-Marques,DN)
O destino dos EUA, nessa altura ainda oculto para a maior parte do mundo, foi enunciado pelo futuro autor de Os Maias, numa autêntica revelação intelectual: “Nós entrevemos a América como uma oficina sombria e resplandecente, perdida ao longe, nos mares (…). Entrevemo-la assim: movimentos imensos do capital; adoração exclusiva e única do deus Dólar; superabundância de vida; exageração de meios; violenta predominação do individualismo; grande senso prático (…); uma febre quase dolorosa do movimento industrial; aproveitamento avaro de todas as forças; extremo desprezo pelos territórios (...) e por fim um profundo tédio pelo vazio que deixa na alma as adorações do deus Dólar.”(...)
A diabolização de Trump, disfarça o consenso fundamental da sociedade e sistema político dos EUA. A vitória do “deus Dólar”, hoje, reina sem limites, nem máscaras. A sociedade que construiu a primeira Constituição liberal moderna, baseada num saudável princípio de desconfiança antropológica, criando para isso um sistema de pesos e contrapesos, mergulhou, em 40 anos, na total promiscuidade entre as esferas pública e privada. (...)
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