A teoria dos jogos tem longas páginas escritas sobre a “chicken race”, explicando que não há um incentivo real para ambos os jogadores irem até ao fim, porque isso pode significar a sua morte. Mas a testosterona, a gritaria, a bazófia, são instrumentos muito mais poderosos do que a teoria política considera habitualmente. (...)
A quantidade de disparates cometidos, desde que o homem é homem, apenas para não “perder a face”, encheria várias enciclopédias. O que vimos na política portuguesa na última semana daria todo um triste capítulo.
Pedro Nuno, farto de ser considerado demasiado manso enquanto líder da oposição, sentiu que a sua margem de recuo tinha terminado, e teve de se fazer de forte. Luís Montenegro reagiu de forma mais teimosa e nervosa do que o caso exigiria, e creio que isso terá a ver com o que ele sentiu como um ataque pessoal, não apenas a si mas à sua família, à sua terra, às suas raízes de fora da corte lisboeta. Acredito que esse lado mais emocional da questão tenha toldado o seu raciocínio. Isso levou-o a não matar o assunto de uma vez e a acelerar de volta, numa dupla sinfonia de rugidos de motor que, francamente, pareceu sempre algo ridícula, de parte a parte. (...)
Pura e simplesmente, viemos parar a esta crise política, com a qual ninguém tem nada a ganhar, porque ninguém fez o suficiente para não termos cá chegado. E, às vezes, isso basta. (texto na íntegra)
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