O poder está há demasiado tempo a ser um fim em si e não um meio para atingir um fim, a melhoria as condições de vida dos portugueses. Uma imprudência do primeiro-ministro não vai apenas condenar-nos a perder ainda mais tempo, depois de uma década já perdida. Pode igualmente significar uma elevação do patamar de exigência para quem quiser entrar na actividade política. Os advogados terão de se cuidar ou de desistir de entrarem na política.
Luís Montenegro cometeu depois o erro de não se ter disponibilizado a explicar tudo, o mais rapidamente possível, optando até por teorias da conspiração, e assim permitiu que o caso o fosse queimando. Até que começou a ficar sem saídas. Perante uma comissão parlamentar de inquérito do PS, que envolver a sua família e Entre Arrastar-se durante meses, contaminando as eleições autárquicas e presidenciais, ficou entre a espada e a parede. (...) O PS deixou-se enredar em dados sobre a vida do primeiro-ministro que ultrapassam o que se pode considerar como um escrutínio ao poder. (...)
E é essa cumplicidade do PS, com a divulgação de matéria que quebra a barreira do escrutínio para se aproximar da devassa da vida privada, que pode ter criado aqui o ponto de não retorno. Primeiro porque podemos agora passar a querer saber tudo sobre a família dos políticos, sobre as profissões do seu agregado familiar e sobre as suas atividades passadas. (...)
Em suma, a atenção deveria ter estado concentrada neste último ano de actividade da empresa para se perceber até que ponto o primeiro-ministro violou os seus deveres, designadamente de exclusividade e éticos. (...)
E foi com base na radicalização deste tema, nomeadamente da actividade de um ano de uma pequena empresa de serviços, que não se pode desvalorizar e merece escrutínio, que provocámos uma crise política quando o mundo está virado do avesso e tivemos eleições fez dia 10 de Março um ano.
Com as eleições congelamos mais uma vez o país. Há decisões sobre o Plano de Recuperação e Resiliência que não vão ser tomadas, há investimentos estruturantes como o novo aeroporto ou a ferrovia que se vão atrasar, há o estado da saúde que se vai degradar, há o problema da habitação que não vai beneficiar de medidas que aumentem a oferta de casas, há uma simplificação administrativa que seria tão positiva para o crescimento da economia que fica por fazer. (...) (ler texto na íntegra)
quarta-feira, 12 de março de 2025
A Frase (68)
Estamos a caminho de uma década perdida e vamos de novo para eleições, que ninguém quis, mas todos foram obrigados a aceitar. (Helena Garrido, OBSR)
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