Víctor Reis, OBSR |
Goste-se ou não, os resultados do PSD nas últimas eleições legislativas foram um desastre.
Mas estes resultados não são inesperados.
São o produto de uma estratégia, conscientemente conduzida por esta liderança do PSD, que iniciou o seu mandato a proclamar que o partido “não foi fundado para ser um clube de amigos” – como se alguma vez tivesse sido –, depois comparou o PSD a um “albergue espanhol” e termina agora dizendo que se parece com “uma gaiola de malucas”.
De forma recorrente, a liderança do PSD cultivou o atrito e o conflito interno a pontos de convidar os que “discordam estruturalmente” – vai-se lá saber o que isso é – a sair do PSD. E terminou a noite das eleições a desculpar-se com a situação interna.
Em vez de unir, dividiu. Em vez de mobilizar, afastou. Em vez de incentivar, desalentou.
Infelizmente, a inação no combate político foi uma constante.
Mas houve uma exceção: os pactos de regime celebrados com o PS.
Inseriram-se no discurso, profusamente repetido, que era necessário recentrar o PSD. Curiosamente, este discurso é feito pelos mesmos que no tempo da governação de Pedro Passos Coelho alimentaram a ideia que o PSD se tinha afastado da sua matriz social-democrata e tinha virado à direita.
Foi esta manobra que serviu primorosamente os interesses eleitorais do PS em 2015 e legitimou o argumentário de António Costa que tanto glosou a “viragem do PSD à direita”. Deliberadamente, confundiu-se a opinião pública fazendo crer que a política de austeridade ditada pela bancarrota, resultava de uma opção ideológica de viragem à direita. A confusão foi tão profícua que até desapareceram as referências aos “cortes” iniciados em 2010, com o descalabro da governação do PS.
Quando se revisita os quase dois anos de mandato desta liderança, percebe-se o contraste entre a oposição que fizeram à governação do PS e o frenesim que agora mostram por causa da disputa interna. Gastam hoje as energias que pouparam nos últimos dois anos.
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