O eleitorado em Portugal é dos mais lúcidos e maduros da Europa. Umas vezes é de esquerda, outras de direita. Vota em causas e em pessoas. Não confia a governação a ideologias e é pouco permeável a populismos. (Ricardo Junqueiro. OBSR)
O país não vira à esquerda ou à direita ciclicamente. Galvaniza-se antes com determinados personagens ou com certas medidas prometidas e é isso que mais influencia eleições. O entusiasmo tem sido mais negativo que positivo. Cavaco, Guterres, Durão, Sócrates, Passos e até Costa chegaram ao poder sobretudo pela mão do antagonismo do eleitorado com os seus antecessores. Não foi a subscrição eleitoral das ideologias com que se apresentaram às urnas e com base nas quais prometeram tanto choques fiscais (Durão) como reforço do investimento público (Sócrates)
O crescimento do PAN reforça também esta ideia. Para além da preocupação com os animais e com a natureza, poucos sabem o que defende o PAN e como se posicionarão os seus quatro deputados em matérias não relacionadas com o motivo justificativo do partido. Pelo que se viu nos debates, possivelmente nem o próprio PAN saberá. No entanto, a sua base de apoio cresceu em todo o país devido à identificação com a causa.
Ao contrário do que possa aparentar, mesmo a conquista de um lugar no hemiciclo pelo Chega não contradiz esta ideia. Alguns indicadores revelam que este partido cresceu em áreas onde a CDU era mais sólida (e onde entretanto caiu), o que também sugere que não é tanto a ideologia, mas antes determinadas mensagem populistas (lembra-se dos cartazes “Basta de roubalheira” ou “Tantos deputados para quê?”) que justificam o voto nestes partidos. (continuar a ler)
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