"O nosso cérebro responde ao stresse de uma maneira primitiva, mas é possível ignorá-lo.
"Há evidência esmagadora de que, para muitas pessoas que tentam perder peso através de dietas, elas rapidamente recuperam o peso. As dietas podem, de facto, tornar-nos mais gordos e mais stressados. Isto acontece porque nós ignoramos o nosso cérebro, que dirige silenciosamente o nosso comportamento como se ainda fossemos seres humanos ancestrais vivendo em condições pré-históricas.
"O mesmo se aplica aos comportamentos viciantes. Quando nós estamos stressados, o nosso cérebro procura prazer, e este é o problema," defende a professora Selena Bartlett, da Universidade de Tecnologia de Queensland (Austrália).
A teoria é controversa, por deixar de lado qualquer referência à mente ou aos aspectos emocionais. Como é comum no campo das neurociências, a teoria de Bartlett é que a resposta para tudo está no "cérebro" - é como se cada pessoa tivesse uma entidade separada que a controlasse, uma entidade chamada cérebro, que quase parece ter uma consciência autónoma.
Nessa linha, Bartlett defende que "o cérebro desenvolveu-se em complexidade conforme os seres humanos evoluíam", e isso teria ocorrido em três secções distintas - sobrevivência, emocional e racional.
"A secção sobrevivência do cérebro controla os batimentos cardíacos, a respiração e mantém-nos vivos. A secção emocional, em particular a amígdala, protege-nos do perigo instigando uma resposta de 'lutar ou fugir', enquanto a secção racional dirige as nossas funções como controle dos impulsos, planeamento e tomada de decisão.
"No actual mundo stressante de trabalho, finanças, relacionamentos, cuidar dos filhos e de outras responsabilidades, o corpo libera hormonas do stresse, como o cortisol. Ao longo do tempo, as hormonas do stresse reduzem significativamente o número de sinapses no cérebro. Isto, por sua vez, impacta o nosso cérebro racional e pode reduzir o controle dos impulsos.
"Seja compreensivo com seu cérebro - ele é um órgão ancestral maravilhoso".
A professora Bartlett prossegue afirmando que suas pesquisas mais recentes mostram que o açúcar aumenta um neuroquímico que se liga aos receptores nicotínicos no cérebro da mesma forma que o álcool e a nicotina. Esta também é uma ideia controversa, com outros investigadores reconhecem que comer vicia,mas açucar e gordura não são drogas. Para a professora Bartlett, contudo, o consumo regular de açúcar, álcool e nicotina alteram o cérebro, levando à necessidade de consumir cada vez mais para sentir o mesmo nível de prazer.
"Assim como o álcool e a nicotina, uma diminuição súbita no consumo de açúcar vai levar a sintomas de abstinência e vícios. Para superar isso precisamos neutralizar o cérebro primitivo. Quando o cérebro racional está no comando, a perda de peso sustentável é possível," afirma ela.
E a neurocientista lista algumas técnicas para que as pessoas possam encarar seus próprios cérebros e "desafiar suas programações ancestrais":
- 1."Seja compreensivo com seu cérebro - ele é um órgão ancestral maravilhoso, que pode ser gravemente danificado pelo stresse, especialmente na infância, enquanto ele está se desenvolvendo".
- 2."Conheça o seu cérebro - uma consciência de como a primitiva amígdala dirige o seu comportamento é fundamental para substituir os impulsos não saudáveis."
- 3."Identifique quando sua amígdala está tomando conta ou quando você está tendo um momento de busca inconsciente de prazer - em situações stressantes, reconhecer quando você é de repente tomado pelo desejo de comer alimentos por conforto, fumar ou beber álcool."
- 4."Substitua alimentos e álcool por um movimento - respiração profunda, alongamento, caminhada, corrida... qualquer movimento com que você se sinta bem."
- 5."Reduza o consumo de açúcar e álcool e aumente os exercícios cardiovasculares e de alta intensidade - eles irão ajudar a curar o seu cérebro dos danos induzidos pelo stresse e construir um corpo forte e saudável."
Sem comentários:
Enviar um comentário