Os portugueses torraram os cartões no Natal e alguns moralistas vieram civilizar os rústicos. Onde está a poupança? Onde está o realismo? Onde está a consciência das nossas dificuldades – economia anémica, um défice mascarado com remendos, etc.? Obviamente, não estão. Nem podiam.
Para começar, os exemplos que vêm de cima não inspiram prudência ou frugalidade: se Costa governa à grande e à francesa, os portugueses vivem à portuguesa. E viver à portuguesa, hoje como ontem, é aproveitar o momento antes que a festa acabe. Como ninguém espera nada de amanhã, gasta-se como se não houvesse amanhã.
Há quem veja nisto uma forma de ‘vivermos acima das nossas possibilidades’. Corrijo. É uma forma de aproveitar as possibilidades – uma disposição cultural que eu, confesso, já deplorei em tempos. Não mais. Quem meteu na cabeça que os portugueses deviam ser alemães tem de ir viver para a Alemanha.
João Pereira Coutinho, CM
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