Estranhamente, o Presidente da República não comentou anteontem a morte da atriz norte-americana Carrie Fisher, que permanecerá para sempre viva nos nossos corações como a Princesa Leia da Guerra das Estrelas, irmã gémea do eterno Luke Skywalker.
Digo estranhamente porque no dia de Natal Marcelo Rebelo de Sousa achou por bem manifestar na página oficial da Presidência da República o seu "pesar" pela morte de George Michael, "um artista e compositor versátil e talentoso, com uma longa carreira de inequívoca qualidade" e que "tal como David Bowie e Prince, para mencionar apenas alguns que este ano nos deixaram, partiu demasiado cedo e de forma inesperada".
Com a ânsia de comentar em tempo real todas as notícias e mais algumas, Marcelo Rebelo de Sousa começa a parecer, nalguns momentos - como no "voto de pesar" por George Michael e para já não falar na sua patética iniciativa, evidentemente falhada, de salvar o Teatro da Cornucópia - que lê os poderes presidenciais de forma tão ampla que às vezes ultrapassa a fronteira do risível.
Alguém então que diga a Marcelo Rebelo de Sousa uma evidência: o que molda os poderes do Presidente da República é a Lei Fundamental. Não é, nem nunca poderá ser, a popularidade e a consequente tolerância dos eleitores. Isso, em Portugal, não é ser Presidente da República - é ser caudilho. Portugal já passou por isso - e deu-se mal.
Excertos do artigo de João Pedro Henriques, DN
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