O problema central é sempre que estas plataformas pós-verdadeiras se baseiam exclusivamente num elemento negativo, o repúdio da situação. Foi zurzindo os líderes do momento que esses movimentos se afirmaram. Claro que os seus lemas são sempre positivos, como a "Alternativa de Confiança" do PS de 2015, "Take Back Control" dos brexiters ou "Make America Great Again" de Trump. Mas é precisamente aí que passam para lá da verdade. A "alternativa de confiança" de Costa foi aliar-se à extrema-esquerda antieuropeia para continuar a austeridade que prometera inverter; o "controlo" dos britânicos é permanecerem determinados pelas políticas europeias, que deixaram de influenciar; a América ficará mais pequena se Trump construir o muro, expulsar os imigrantes, abandonar os aliados.
A realidade sempre se impõe, e o reinado da pós-verdade é sempre curto. Esperemos que o que fique seja algo expresso por outra das palavras candidatas neste ano: "coulrophobia", um medo extremo ou irracional de palhaços.
Excertos do artigo de João César das Neves no DN
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