Mais de 700 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo por causa de infecções resistentes aos tratamentos disponíveis, um número que os especialistas dizem que na realidade será bastante superior, pelo facto de não existir um sistema global de monitorização deste tipo de mortes. Só nos EUA, aponta uma investigação recente da Reuters,dezenas de milhares de mortes que terão sido causadas por superbactérias não foram atribuídas a esse tipo de infecções.
Para os investigadores, as superbactérias representam uma das maiores ameaças actuais à humanidade e, sem acção urgente, é possível que infecções simples deixem de poder ser combatidas com os medicamentos existentes. A exposição repetida e prolongada a antibióticos permite que as bactérias e outras infecções, entre elas o VIH e a malária, sofram mutações para contornar os tratamentos disponíveis. Por causa disto, simples operações, como cirurgias à anca ou partos por cesariana, podem tornar-se demasiado perigosos.
Na declaração que será assinada hoje, os 193 países da ONU comprometem-se a desenvolver sistemas de regulação e monitorização do uso e venda de medicamentos antimicrobianos para humanos e animais, a apostar no desenvolvimento inovador de novas formas de antibióticos, melhorar os diagnósticos e educar profissionais de saúde e o público em geral sobre a prevenção de infecções resistentes a antibóticos.
Num relatório apresentado pela DGS em Março, os especialistas portugueses já alertavam que “a manter-se a tendência” do uso excessivo deste tipo de medicamentos em humanos e animais, “a medicina avançada que se pratica” será posta em causa. No documento, a DGS dá o exemplo de “cirurgias mais ou menos radicais ou terapêutica oncológica [que] poderão deixar de ser possíveis por se tornarem intratáveis as infecções decorrentes”.
Fonte: Expresso
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