Portugal é um dos países europeus com mais casas e mais proprietários. A propriedade imobiliária foi sempre um ideal de toda a sociedade, que o Estado e a banca, até há pouco tempo, incentivaram através do crédito. Para a maioria dos portugueses, a casa é a sua poupança. Castigar a propriedade é castigar a poupança, os ideais, as esperanças de gerações de portugueses.
O imposto agora também é só para os “ricos”. Mas quem decide o que é um “pobre” ou um “rico”? É o poder político que decide o que somos. Amanhã, um apartamento de 150 mil euros na Amadora pode bem tornar-se, para fins fiscais, um “palacete de luxo”. Basta as finanças precisarem. E talvez precisem. A propriedade nas grandes fortunas é complexa. Os maiores investidores imobiliários vão retrair-se. Não é por isso improvável que o fisco, para arranjar receita, ainda tenha de descer mais uns degraus na escala patrimonial. Nesta roleta russa fiscal, a pistola está apontada à cabeça de todos.
E o que vai acontecer à classe média, com esta carga tributária, quando o petróleo se tornar mais caro e os juros subirem? Sob este regime fiscal, Portugal pode estar a caminhar para uma despromoção social maciça, sem paralelo na nossa história. Noutros países, a classes médias podem estar a morrer; aqui, vão ser assassinadas.
Excertos do artigo de Rui Ramos, hoje no OBSR
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