A temperatura da água subiu para valores recordes, a rondar os 25 a 26 graus, tendo atraído o mais famoso dos predadores para próximo das praias. Mas não há razão para medo [...].
Os especialistas garantem que os tubarões que por cá temos só andam atrás de novos cardumes e não representam perigo para os humanos. Mas, este ano, chegaram peixes invulgares por estas paragens, que se deixaram convencer pela água quente. Quando arrefecer voltarão ao Mediterrâneo.
O avistamento de um tubarão-martelo de 2,5 metros, filmado esta semana por um grupo de pescadores na zona da Comporta, ao largo de Setúbal, é um dos mais curiosos, enquanto dois pescadores foram mordidos. Um ao largo de Peniche, tendo sido resgatado de urgência pela Marinha na quarta-feira, e um outro camarada também sofreu uma dentada a 26 de Julho ao largo da Póvoa de Varzim. Ambos estariam a manusear o peixe preso nas redes. Mas há mais testemunhos de quem também foi surpreendido por tubarão-frade ou tintureira, conhecido por tubarão-azul, o mais comum em Portugal.
Paulo Martins, pescador da Costa de Caparica, cujas redes de arte xávega têm trazido tintureiras como nunca. "Têm meio metro e é preciso ter cuidado quando as estamos a manusear, porque podem morder para tentarem fugir", revela, recorrendo à experiência de anos para garantir que as águas mais quentes estão a trazer novas espécies e a afastar outras.
"A sardinha e o carapau quase não existiram este verão", diz, revelando que há dias apanhou um lírio com 24 quilos que vendeu em lota por 180 euros, depois de estar tentado a devolver o exemplar ao mar antes de conhecer o seu valor. Desconfia que terá sido o primeiro pescador da zona a capturar esta espécie mais comum nos Açores. "Mas ainda agora fiz nova captura e apanhei seis palmetas, o que também era raro", insiste.
Recorre às estatísticas para assegurar que Portugal não tem registos objectivos de ataques de tubarão, admitindo que algum animal possa morder um pescador no momento em que está a ser "manipulado", considerando que isso é apenas o instinto de sobrevivência para tentar escapar. "Nós não somos comida para eles e até fogem quando nos veem", insiste o especialista, admitindo que se o aquecimento global elevar a temperatura da água do mar para valores próximos aos deste ano é possível que os tubarões apareçam com mais frequência. "Uns alimentam-se no fundo e outros mais à superfície. Talvez o tubarão-frade, que não tem dentes e come plâncton, passe a ser mais visto".
Fonte: DN
Sem comentários:
Enviar um comentário