Viajar a convite da Galp é um caso milhões de vezes mais grave para um membro do governo do que o acto palerma de que foi protagonista João Soares. E, no entanto, como se trata de amigos seus, Costa cala-se - e enquanto Augusto Santos Silva retirou ao “seu” secretário de Estado o pelouro da Galp, os outros dois ficaram num limbo.
A oposição não pode falar, a esquerda está agarrada e, para os comentadores habituais, é sempre mais fácil bater em alvos fáceis como é João Soares, com as suas particularidades, do que em personagens mais íntimas do primeiro-ministro e quando mais lhe dói.
Fonte:Ana Sá Lopes, Ji
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segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Paula Rego E Rafael Bordalo Pinheiro
Podem parecer uma dupla improvável, mas muita coisa une Paula Rego e Rafael Bordalo Pinheiro, o caricaturista, pintor e ceramista genial que faz capa desta edição da revista VISÃO, hoje nas bancas.
Na foto acima pode ver-se Hey Diddle Diddle, de 1989, de Paula Rego (à esquerda) e a ilustração Meus Senhores, 1883, de Bordalo. Não apenas a postura bípede do gato são extremamente semelhantes, mas também também a composição fantasista em seu redor
Paula Rego sempre mencionou Rafael Bordalo Pinheiro como uma referência. Conhecia bem os seus desenhos de ver os jornais em casa dos avós. E a caricatura, o grotesco, os bichos transfigurados de humanos (ou vice-versa), os temas de actualidade, a crítica social, subversiva e provocatória, impregnadas de um humor sarcástico, sempre tão presentes na sua obra, sugerem afinidades. Ou mesmo confluências óbvias, como no quadro em que convoca o magnífico peru preto de cerâmica, quase como uma sentinela (que zela ou ameaça) a mulher que descansa na cama (Primeira Missa no Brasil, 1993).
Mas é na hibridez das figuras (meio humanos, meio animais), e dos ambientes (meio realidade, meio sonho), na presença dos animais domésticos – em especial o gato, claro –, na leitura narrativa que se faz das suas obras, que se descobrem estas ressonâncias e este diálogo improvável.
Ambos denunciam o amor pelas artes de palco – no caso de Paula Rego, mais o bailado, e, no de Bordalo, mais o teatro.
O historiador de arte Pedro Bebiano Braga salienta “a escala das personagens e dos objectos, que obedece a uma lógica emotiva ou reactiva, por um lado, de brincadeira geradora de riso, por outro”. E acrescenta: “Se existe a sugestão de humor irónico nestas obras [de Paula Rego], não tenhamos ilusões, por detrás de uma primeira abordagem está um mundo de enigmática violência, tal como por detrás do humor de Rafael Bordalo está, muitas vezes, uma profunda tristeza.” A exposição Diálogos Imaginados pode ser vista até 29 de Setembro no Museu Bordalo Pinheiro.
Fonte: Visão
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