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sábado, 13 de março de 2021

Notícias Ao Fim Da Tarde


Covid-19: Situação Em Portugal Hoje Sábado

  • 813.716 casos positivos (mais 564) 
  • 16.669 vítimas mortais (mais 19 mortes vítimas)
  •  980 internados (- 66)
  • 756.259 recuperados (mais 6.489) 
  • 40.788 casos ativos (menos 5.944) 
  • 253 em (UCI) (-13)

Casos confirmados:

  • 328.394 R. Norte (+132) 
  • 308.238 Lisboa e Vale do Tejo 308.238 (mais 208 )
  • 116.104 no Centro (mais 114)
  • 28.726 casos no Alentejo (mais 26)
  • 20.311 no Algarve (mais 4)
  • 3.868 nos Açores (mais 27)
  • 8.075 na Madeira (mais 53)
Das mortes foram registadas:

  • 7.024 Lisboa e Vale do Tejo (mais 13)
  • 5.277 no Norte (mais três)
  • 2.966 no Centro (mais dois) 
  • 962 casos no Alentejo (mais um)
  • Algarve manteve-se em 348
  • Região Autónoma dos Açores manteve-se em 28 
  • Região Autónoma da Madeira continua a ser de 64.

Das vítimas mortais registadas, 8.740 eram homens e 7.929 mulheres.

A Frase

«Contra os padrões, marchar, marchar! Se esta moda pega, será preciso destruir todos os vestígios históricos, porque nenhum tempo passado pode ser agora assumido na totalidade dos seus pressupostos culturais.»

(P. Gonçalo Portocarrero de Almada, OBSR)

Um deputado socialista disse que o Padrão dos Descobrimentos "devia ter sido destruído"  enquanto "monumento do regime ditatorial"  (OBSR 19-2-21)

Não querer ver o que se está a passar é  fechar os olhos ao momento destrutivo (cultural, de controlo estatal 'justiça à la carte' e muito mais)  que atravessa o nosso país.

Uma Profecia Feita Com A Lucidez E O Realismo De António Barreto. A LER Com Atenção

 Uma profecia feita com a lucidez e o realismo de António Barreto. A LER com atenção, pois é deveras preocupante e já se encontra em desenvolvimento

Republicanos, corporativistas, fascistas, comunistas e até democratas mostraram, nos últimos séculos, que se dedicaram com interesse à revisão seletiva da História, assim como à censura e à manipulação.

É triste confessar, mas ainda estamos para ver até onde vão os revisores da História. Uma coisa é certa: com a ajuda dos movimentos antirracistas, a colaboração de esquerdistas, a covardia de tanta gente de bem e o metabolismo habitual dos reacionários, o movimento de correção da História veio para ficar.
Serão anos de destruição de símbolos, de substituição de heróis, de censura de livros e de demolição de esculturas. Até de retificação de monumentos. Além da revisão de programas escolares e da reescrita de manuais.

Tudo, com a consequente censura de livros considerados impróprios, seguida da substituição por novos livros estimados científicos, objetivos, democráticos e igualitários. A pujança deste movimento através do mundo é tal que nada conseguirá temperar os ânimos triunfadores dos novos censores, transformados em juízes da moral e árbitros da História.

Serão criadas comissões de correção, com a missão de rever os manuais de História (e outras disciplinas sensíveis como o Português, a Literatura, a Geografia, o Meio Ambiente, as Relações Internacionais…), a fim de expurgar a visão bondosa do colonialismo, as interpretações glorificadoras dos descobrimentos e os símbolos de domínio branco, cristão, europeu e capitalista.

Comissões purificadoras procederão ao inventário das ruas e locais que devem mudar de nome, porque glorificam o papel dos colonialistas e dos traficantes de escravos. Farão ainda o levantamento das obras de arte públicas que prestam homenagem à política imperialista, assim como aos seus agentes. Já começou, aliás, com a substituição do Museu dos Descobrimentos pelo Memorial da Escravatura.

Teremos autoridades que tudo farão para retirar os objetos antes que as hordas cheguem e será o máximo de coragem de que serão capazes. Alguns concordarão com o seu depósito em pavilhões de sucata. Outros ainda deixarão destruir, gesto que incluirão na pasta de problemas resolvidos.

Entretanto, os Centros Comerciais Colombo e Vasco da Gama esperam pela hora fatal da mudança de nome.

Praças, ruas e avenidas das Descobertas, dos Descobrimentos e dos Navegantes, que abundam em Portugal, serão brevemente mudadas.

Preparemo-nos, pois, para remover monumentos com Albuquerque, Gama, Dias, Cão, Cabral, Magalhães e outros, além de, evidentemente, o Infante D. Henrique, o primeiro a passar no cadafalso. Luís de Camões e Fernando Pessoa terão o devido óbito. Os que cantaram os feitos dos exploradores e dos negreiros são tão perniciosos quanto os próprios. Talvez até mais, pois forjaram a identidade e deram sentido aos mitos da nação valente e imortal.

Esperemos para liquidar a toponímia que aluda a Serpa Pinto, Ivens, Capelo e Mouzinho, heróis entre os mais recentes facínoras. Sem esquecer, seguramente, uns notáveis heróis do colonialismo, Kaúlza de Arriaga, Costa Gomes, António de Spínola, Rosa Coutinho, Otelo Saraiva de Carvalho, Mário Tomé e Vasco Lourenço.


Não serão esquecidos os cineastas, compositores, pintores, escultores, escritores e arquitetos que, nas suas obras, elogiaram os colonialistas, cúmplices da escravatura, do genocídio e do racismo. Filmes e livros serão retirados do mercado.

Pinturas murais, azulejos, esculturas, baixos-relevos, frescos e painéis de todas as espécies serão destruídos ou cobertos de cal e ácido. Outras comissões terão o encargo de proceder ao levantamento das obras de arte e do património com origem na África, na Ásia e na América Latina e que se encontram em Portugal, em mãos privadas ou em instituições públicas, a fim de as remeter prontamente aos países donde são provenientes.

Os principais monumentos eretos em homenagem à expansão, a começar pelos Jerónimos e pela Torre de Belém, serão restaurados com o cuidado de lhes retirar os elementos de identidade colonialista. Os memoriais de homenagem aos mortos em guerras do Ultramar serão reconstruídos a fim de serem transformados em edifícios de denúncia do racismo. Não há liberdade nem igualdade enquanto estes símbolos sobreviverem.

Muitos pensam que a História é feita de progresso e desenvolvimento. De crescimento e melhoramento. Esperam que se caminhe do preconceito para o rigor. Do mito para o facto. Da submissão para a liberdade.

Infelizmente, tal não é verdade. Não é sempre verdade. Republicanos, corporativistas, fascistas, comunistas e até democratas mostraram, nos últimos séculos, que se dedicaram com interesse à revisão seletiva da História, assim como à censura e à manipulação.

E, se quisermos ir mais longe no tempo, não faltam exemplos. Quando os revolucionários franceses rebatizaram a Catedral de Estrasburgo, passando a designá-la por Templo da Razão, não estavam a aumentar o grau de racionalidade das sociedades. Quando o altar-mor de Notre Dame foi chamado de Altar da Liberdade caminharam alegremente da superstição para o preconceito.

E quando os bolchevistas ocuparam a Catedral de Kazab, em São Petersburgo e apelidaram o edifício de Museu das Religiões e do Ateísmo, não procuravam certamente a liberdade e o pluralismo. E também podemos convocar os Iconoclastas de Istambul, os Daesh de Palmira ou os Taliban de Bamiyan que destruíram símbolos, combateram a religião e tentaram apropriar-se tanto do presente como do passado.

Os senhores do seu tempo, monarcas, generais, bispos, políticos, capitalistas, deputados e sindicalistas gostam de marcar a sociedade, romper com o passado e afastar fantasmas. Deuses e comendadores, santos e revolucionários, habitam os seus pesadelos. Quem quer exercer o poder sobre o presente tem de destruir o passado.

Muitos de nós pensávamos, há cinquenta anos, que era necessário rever os manuais, repensar os mitos, submeter as crenças à prova do estudo, lutar contra a proclamação autoritária e defender com todas as forças o debate livre.

É possível que, a muitos, tenha ocorrido que faltava substituir uma ortodoxia dogmática por outra. Mas, para outros, o espírito era o de confronto de ideias, de debate permanente e de submissão à crítica pública.

O que hoje se receia é a nova dogmática feita de novos preconceitos. Não tenhamos ilusões.

Se as democracias não souberem resistir a esta espécie de vaga que se denomina libertadora e igualitária, mergulharão rapidamente em novas eras obscurantistas.

António Barreto

Minha Alma Tem O Peso Da ...

 
Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. 
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. 
Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. 
Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. 
E a lágrima que não se chorou. 
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

(Clarice Lispector)