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sábado, 1 de agosto de 2020

Verdade

A verdade só pode surgir num contexto de liberdade. Para que as coisas e as pessoas se revelem, é preciso deixá-las ser. Só quando se dá liberdade se pode esperar verdade. Afinal, a essência da verdade é a liberdade.

(José Luís Nunes Martins)

Notícias Ao Fim Da Tarde (act.)

Covid.19: Situação Em Portugal Hoje Sábado


  • 51.310 casos confirmados (mais 238 face ao dia anterior)  é uma subida de 0,47%
  • 1.737 vítimas mortais (mais duas mortes nas últimas 24 horas)
  • 443 mil 975 casos suspeitos
  • 1.631 pessoas ainda aguardam os resultados das análises laboratoriais 
  • 391.094 casos não confirmados após as análises
  • 35.661 pessoas encontram-se sob vigilância das autoridades de saúde.
  • 375 internados
  • 40 estão em (UCI) 
  • 36.783 casos recuperados em Portugal +(300 )

Atualmente existem: 
  • 18.742 casos registados no Norte (mais 67)
  • 4.449 no Centro (mais dez)
  • 26.231 em Lisboa e Vale do Tejo (mais 164)
  • 736 no Alentejo (mais dois)
  • 106 na Região Autónoma da Madeira.
  • O Algarve regista 879 casos( -4)
  • 167 Região Autónoma dos Açores  (-1) 
Do total das 1.737 mortes:
  • 828 foram no Norte
  • 252 no Centro
  • 605 em Lisboa 
  • Vale do Tejo (mais uma)
  • 22 no Alentejo (mais uma)
  • 15 no Algarve 
  • 15 nos Açoresnão se registando nenhuma na Madeira.
Nota: O maior número de infeções nas últimas 24 horas registou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 164 novos casos, seguindo-se a região do Norte, com mais 67 casos, a região Centro teve mais dez casos e o Alentejo registou mais dois casos de infeção.

Este É O Verão Do Desassossego

Neste Verão, os portugueses fazem o que não querem, sonham o que não podem, guardam o que não têm, como se o Mundo fosse um grande relógio parado.

Carlos Marques de Almeida, ECO

Este é o Verão do desassossego. Esta é a estação do calor em que o Verão foi cancelado. Os portugueses estão cansados da pandemia, mas o Mundo fecha-se em círculos concêntricos e deixa os portugueses de fora. Sem poderem ir, sem quererem ficar, as férias possíveis são um roteiro interior feito de um slogan em que o ir para fora é ficar cá dentro. 

Viajar hoje é percorrer o labirinto de linhas vermelhas que o vírus vai desenhando pelo Mundo, um jogo de tabuleiro num mapa verdadeiro, onde se contam casos e probabilidades, estatísticas e confinamentos, e onde sobra sempre a geografia do desejo, a caligrafia da saudade, a nostalgia dos lugares fechados aos quais não sabemos quando poderemos regressar. O vírus ergue fronteiras em cima de fronteiras, separa no papel os planos de viagem e reserva um lugar para cada um de nós que cada um de nós simplesmente recusa. O vírus é violento e revolucionário e procura com perícia a persistência da vulnerabilidade humana.

O acto de viver existe diariamente com o gesto de morrer, e como membros de uma comunidade de destino temos uma responsabilidade permanente em preservar as nossas vidas e em respeitar ou outros que ocupam os seus lugares no misterioso castelo de cartas. Qualquer dano causado ao outro é um dano causado a nós através do edifício colorido e complexo que designamos por sociedade. O vírus coloca-nos numa posição insuportável próxima da mutilação – o acto de amputar os dedos da mão esquerda com a força dos dedos da mão direita. Uma escolha impossível num Verão que acabará sempre por incomodar na memória.

(excertos do texto de CMA, no Eco)

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.


Eugénio de Andrade