Luís Montenegro foi claramente legitimado nas urnas. Tendo em conta o que está na origem destas eleições, isso é algo muito relevante do ponto de vista político. (...) Os portugueses discordaram do secretário-geral do PS. Montenegro quis, desde o início, fazer destas eleições um referendo à sua integridade e ganhou esse referendo.
O sistema político português mudou este domingo. O bipartidarismo acabou e a partilha de poder entre PSD e PS está realmente ameaçada pelo Chega — que provavelmente deverá ser o segundo grupo parlamentar. (...)
A (...) AD reforçou claramente a sua votação face há um ano. Para já, teve mais 140 mil votos, mais 10 deputados, ganhou em mais mais quatro distritos (no total, 13 no continente e nos Açores e na Madeira) e em mais 56 concelhos, venceu claramente em todo o litoral de Viana do Castelo até Lisboa e nas principais cidades do país. (...)
Os portugueses discordaram do secretário-geral do PS. Montenegro quis, desde o início, fazer destas eleições um referendo à sua integridade e ganhou esse referendo.
Ora bem, os portugueses não deram razão a Pedro Nuno Santos. Pelo contrário, reforçaram a votação em Montenegro e disseram claramente que confiam no primeiro-ministro. (...)
Pior: o secretário-geral ainda teve o desplante de dizer que o PS não deve suportar o Governo — poucos minutos antes de apresentar a sua demissão de líder do PS e pedir a convocação de eleições internas.
Mas que legitimidade política tem Pedro Nuno Santos para fazer um discursos destes e condicionar o seu sucessor? Neste momento, zero. Foi o discurso mais irresponsável, mais maturo e mais anti-democrático que ouvi até hoje de um líder partidário clamorosamente derrotado. (...)
Outra ironia extraordinária foi ouvir na CNN Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, a defender que o tema da Spinumviva beneficiou o Chega durante a campanha. Mas querem foram os partidos que fizeram do caso Spinumviva o seu eixo de campanha? Mais o PS do que o Chega.
É esta esquerda avestruz que não percebe que o Chega rouba votos diretamente ao PCP e ao Bloco — votos que o Livre não consegue ganhar.
Luís Rosa, OBSR (ler texto íntegral)

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