domingo, 3 de maio de 2020

Começa O Mais Difícil.


Os resultados de Portugal são bons ou apenas medianos? Se doze países europeus fizeram pior, vinte e cinco fizeram melhor. Mesmo assim, a nossa condição merece atenção. Mas sobretudo explicação. Deve-se a quem, exactamente? Às autoridades? Aos Portugueses? Ao Serviço Nacional de Saúde? Aos médicos e aos enfermeiros? E deve-se a quê? Ao fecho prematuro? À quarentena? À disciplina?

Com tanta gente a saber tanta coisa, não ficámos mesmo a saber nada. Mais tarde, com menos gente a saber tudo, aprenderemos mais. De qualquer modo, fica uma consolação: os que mais ajudaram na explicação e na compreensão foram alguns cientistas. Há qualquer coisa na ciência bem exercida, com escrúpulos e contenção, com dúvida e experiência, com liberdade e cultura, que nos deixa em paz com a humanidade, nem que seja por umas horas…

Já se percebeu que Portugal sofre de dois problemas profundos: a falta de previsão e as falhas de organização. Na saúde, por exemplo. Temos um número considerável de médicos, mas um número ridículo de enfermeiros e técnicos. Um serviço de saúde repousa nos dois, não só nos primeiros, nem só nos equipamentos. Sabe-se que Portugal é um dos países da Europa com mais médicos e menos enfermeiros por habitante. As filas de espera para as cirurgias e as consultas não podem ter como explicação a “falta de médicos”. Não faltam os medicamentos mais modernos, os tratamentos mais caros e os equipamentos mais sofisticados. Mas faltam máscaras, desinfectante, luvas, reagentes e zaragatoas. Em vez de rosnar contra o Serviço Nacional de Saúde ou de querer liquidar a medicina privada, não seria mais interessante e eficaz ocuparmo-nos de simples questões de organização e disciplina?

(ler texto completo) 'Fechar é fácil, abrir é difícil', António Barreto 

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