Pesquisar neste blogue

sábado, 28 de agosto de 2021

Notícias Ao Fim Da Tarde

Muitos Dos Clichés Usados Para Denegrir O Partido Socialista São Verdadeiros


Muitos dos clichés usados para denegrir o Partido Socialista são verdadeiros. Não tem alma, nem ideologia. Não tem doutrina, nem cultura. Não tem estratégia, nem programa. Não tem afecto, nem simpatia. Não tem substância cultural, nem identidade política. Não tem orgulho, nem compaixão.(...)

As medonhas responsabilidades dos socialistas aparecem estranhamente diluídas na pandemia. Mas sabemos que os socialistas têm uma pesada quota parte no adiamento de soluções, na degradação de problemas e na manutenção de questões como as do BES, do Banco Novo, do BCP, da TAP, do Aeroporto do Montijo barra Alcochete barra OTA barra incerteza, da CP, da EDP, das barragens hidroeléctricas, das Parcerias Público Privadas, da PT e do julgamento dos casos de corrupção e branqueamento. Mau grado persistir em acusar os governos anteriores, o PS sabe que já é autor ou co-autor de todos estes problemas.

As enormes dificuldades económicas e financeiras, incluindo as que decorrem da pandemia e da respectiva recessão, são vistas como inevitáveis e parece poder pensar-se que se os socialistas não fizeram mais e melhor foi porque realmente não puderam. Apesar da partilha, da co-autoria e da cumplicidade absoluta dos actuais dirigentes com os dos tempos de Sócrates, os socialistas gozam de uma espécie de áurea divina e de impunidade que constituem êxito inédito na história política recente do país.

O verdadeiro génio de António Costa é o da gestão política. Deve-se-lhe o ascendente sobre a imprensa e a comunicação. Assim como a absolvição dos socialistas no fiasco na luta contra a corrupção e o nepotismo. Com estes trunfos e com um domínio incontestável do seu partido, António Costa é o principal responsável pela estabilidade política. É sabido que esta é também uma virtude. Não vale todas as virtudes, mas é em si um trunfo de indiscutível valia. E substitui-se a um pensamento para o país. (
ler aqui  texto completo)

A Frase

A debilidade da América não está tanto na ascensão de uma Potência rival, mas reside no vácuo de poder que a América deixa por onde passa.
(Carlos Marques de Almeida, ECO)

Um atentado suicida é uma festa, uma celebração em que se diz adeus à esperança e onde os escolhidos praticam o massacre das multidões. São como sacerdotes no templo dos infiéis e que usam a porta das orações para rebentar até aos céus todos os que rejeitam. Explosivos, carros armadilhados, kalashnikovs, e o puro arbítrio do ódio e da desumanidade. No caos de Kabul infectado pela derrota de uma aventura de vinte anos, o aeroporto é o alvo de todos as câmaras e de todas as conspirações, o aeroporto é o último posto Ocidental na direcção do qual converge o desespero, o medo, o pânico dos afegãos que um dia acreditaram na Democracia ou nos Direitos Humanos ou em qualquer coisa que lhes devolvesse a banalidade e a prosperidade de uma vida normal. Alguém tem notícias do Livreiro de Kabul?

Finalmente o Presidente dos Estados Unidos fala à Nação e dirige-se ao Mundo. É uma figura frágil, marcada pela emoção e pelas muitas memórias, mas não é o Presidente de uma América confiante, consagrada, vitoriosa, virtuosa. É o Presidente de uma América humilhada, enfraquecida, em retirada, o Presidente que não encontra uma frase histórica para assinalar o momento histórico, o Presidente que não consegue inspirar a Nação Americana, o Presidente que não devolve confiança ao Mundo e aos Aliados. Com um minuto de silêncio é o Presidente que transforma uma sala da Casa Branca numa extensão simbólica do Cemitério Militar de Arlington. Percebe-se a boa intenção, mas regista-se o alcance do gesto político como a projecção de um momento de fraqueza – o Império a sangrar no coração dos Marines mortos. Não há ameaças que possam apagar esta imagem e esta ideia.

As Torres Gémeas acabaram por colapsar em confronto com uma ideia e um plano pensado e saído do Afeganistão. Este é o princípio da história. Mas ainda não é o fim da história. A debilidade da América não está tanto na ascensão de uma Potência rival, mas reside no vácuo de poder que a América deixa por onde passa. E numa perigosa ausência de uma vontade de Poder. 

(excertos do texto de Carlos Marques de Almeida no ECO)

Ariane



Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.

Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...

Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.

Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.

(Miguel Torga)