Pesquisar neste blogue

sábado, 31 de maio de 2025

Notícias Ao Fim DaTarde

O Preconceito Sobre Os Privados Levou Marta Temido A Medidas Irracionais

 O preconceito sobre os privados levou Marta Temido, antiga ministra da Saúde, a aprofundar medidas irracionais, como o pagamento extra aos médicos pelas cirurgias feitas dentro do SNS.   (André Macedo, JEconómico)

Aumentou a produção, mas deu um golpe na eficiência dos hospitais ao fazer disparar os custos – os privados fariam o mesmo mais barato – além de ter gerado um enorme desequilíbrio salarial dentro de cada hospital: agora temos os privilegiados do bloco operatório e os outros; ou seja, os que estão no círculo dourado e duplicam ou triplicam o salário (apenas com alguns dias extra de trabalho por mês) e os que estão no círculo do inferno (por exemplo, nas urgências) sem ganhar mais.

O presidente da associação portuguesa de administradores hospitalares, Xavier Barreto, tentou justificar o inexplicável alegando que os hospitais públicos ficam entre a espada e a parede quando não conseguem dar resposta às necessidades cirúrgicas – e então pagam o que for. As declarações são graves porque confirmam que este bónus aos médicos tem os incentivos errados. Por um lado, a administração de cada hospital entra numa espiral de custos; por outro, eternizam-se as listas de espera. Não se resolve nada de estrutural e usa-se um penso rápido de preço astronómico.  (continuar a ler)

Chegou a hora da Inspeção Geral de Finanças e do Tribunal de Contas fazerem uma avaliação sobre a utilização dos recursos públicos no SNS.

A Frase (137)

O escândalo do dermatologista dos 400 mil euros no Santa Maria põe o foco no maior problema do Serviço Nacional de Saúde: o regabofe na gestão. O custo da negligência prolongada não é apenas financeiro.   (Bruno Faria Lopes, JNegócios) 

O caso do dermatologista do Santa Maria que recebeu 400 mil euros por pequenas cirurgias fora do horário regular gerou o merecido escândalo - este é, afinal, o país em que 500 mil euros (os de Alexandra Reis na TAP) custaram a cabeça de vários governantes. Mas, tão ou mais ilustrativa do que a história do médico, é a reação do representante dos administradores hospitalares. Sobre o risco evidente implícito.

Estás Só. Ninguém O Sabe. Cala E Finge.


Mas finge sem fingimento.
Nada esperes que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.

(Ricardo Reis, Odes)

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

As Decisões Do Passado Que Terão Influenciado O Momento Actual

No sistema político português, o momento decisivo que explica o atual contexto foi, sem sombra de dúvida, a maioria negativa que derrubou o segundo Governo de Pedro Passos Coelho, em 2015, com a formação de uma “geringonça” que levou para o poder um partido que ficou em segundo lugar nas eleições.    (Filipe Alves, DN)

Ao aliar-se ao Bloco de Esquerda e ao PCP, para não deixar a direita governar, o PS de António Costa rompeu a tradição que vinha desde os primeiros anos da democracia. Formou Governo com o apoio de partidos que tinham (e têm) visões opostas às do PS sobre a economia de mercado, a construção europeia e uma certa ideia de sociedade aberta que sempre foi partilhada pelas forças do chamado arco da governação. Foi uma aliança contranatura, muito eficaz no plano tático e no imediato, mas que a prazo provocou a implosão do sistema partidário.

Senão, vejamos: se Passos Coelho tivesse continuado a governar num segundo mandato como primeiro-ministro, a evolução da direita portuguesa teria sido muito diferente. O Chega dificilmente teria tido espaço para crescer (aliás, talvez nem tivesse nascido). O mesmo se pode dizer da Iniciativa Liberal. Por sua vez, o PS voltaria a ser poder mais cedo ou mais tarde, alternando com o PSD, enquanto o Bloco de Esquerda e o PCP teriam continuado a ser o que sempre foram, isto é, partidos de protesto que serviam de válvula de escape para as tensões sociais.

Ao levar o Bloco e o PCP para o poder, António Costa deu-lhes um grande “abraço de urso”, que teve como efeito, nos anos seguintes, o esvaziamento do eleitorado desses partidos.

Por um lado, muitos eleitores de esquerda passaram a votar no PS, até porque este, de forma engenhosa, se apropriou de várias bandeiras dos seus aliados da geringonça. Mas, por outro, houve também quem se tivesse desiludido com a esquerda e com o estado em que a Saúde, a Educação e a Justiça se encontravam após quase uma década de governação socialista.

A História alternativa é um género frequentemente utilizado nos romances distópicos, como The Man in the High Castle. Na nova realidade em que estamos a entrar, o momento decisivo deu-se em 2015. Esperemos que não nos tenha votado à instabilidade permanente. (ler texto na íntegra)

A Frase (136)

O ‘vetting’ é um exame crítico para perceber se alguém é aceitável para posições em que tem de lidar com informações sensíveis, lugares que requerem confiança. Em Portugal não se pratica. Evita-se. Prefere-se a roleta da decisão sem informação em vez da prevenção, a confiança empírica em vez do processo. (Ricardo Santos Ferreira, JEconómico)

Os anglo-saxónicos chamam-lhe vetting, mas podemos referi-la como investigação preventiva.Trata-se de um exame crítico para perceber se alguém é aceitável para posições em que tem de lidar com informações sensíveis, lugares que requerem confiança.

Por exemplo, no Governo, mas não só, nas empresas e nos negócios também. Pode ser feita através de informação pública, de fontes abertas. O objetivo é minimizar o risco, evitar o problema. 

Na política, os partidos já não vão a tempo de utilizar o vetting para a escolha dos deputados, infelizmente, depois do muito a que temos assistido e em diferentes quadrantes políticos. Mas ainda é possível usar esta ferramenta para o apoio na escolha dos membros do governo, numa atitude prospetiva.

É preferível ser mais profissional do que o questionário de ocasião promovido à pressa, para tentar tapar o buraco da inexistência de processos. Já há demasiado o que fazer para não se perder tempo com crises evitáveis, com casos e casinhos.

As Fontes


Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (135)

O prestígio de uma nacionalidade pode ser deduzido a partir da qualidade do seu jornalismo. Insisto no declínio dos canais televisivos. Ver o país associado à reputação deles dá vontade de chorar. É condição necessária que, em democracia, e até para que se possa chamar “democracia”, exista uma imprensa livre. Portugal não tem, neste capítulo, grandes lições a dar ao mundo. A imprensa passou a incluir, com força redobrada, a televisão.  (Margarida Bentes Penedes, OBSR)

É condição necessária que, em democracia, e até para que se possa chamar “democracia”, exista uma imprensa livre. Portugal não tem, neste capítulo, grandes lições a dar ao mundo. A imprensa passou a incluir, com força redobrada, a televisão.

O que temos é uma imprensa dependente do Estado. Se pensarmos nos grandes jornais do regime e, sobretudo, nos canais televisivos de informação, o panorama é de promiscuidade pública e notória. 

Todos os canais televisivos vivem da troca de gentilezas e boas-vontades com os decisores políticos do momento, ou com aqueles que os directores de informação acreditam que vão continuar a mandar. É o caminho aberto para uma opinião sincronizada em vez de livre; e para um alheamento malsão da realidade, como aliás se comprovou na maneira como foram cobertas e comentadas as eleições legislativas de 18 de Maio. A natureza da imprensa em Portugal, exceptuando alguns jornais e nenhuma televisão, não garante um bom serviço à democracia.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, atribuído a 3 de Maio, mereceu um Voto de Saudação apresentado pelo PS à Assembleia Municipal de Lisboa. Só lhefaltava ter sido escrito em papel azul de vinte e cinco linhas, se o PS fazia questão de provar o seu atraso de vida. Em seis parágrafos, dois foram gastos a descrever e objurgar a censura do Estado Novo. E dos dois pontos votáveis da parte deliberativa, um destinava-se a felicitar o anti-fascismo. Tornou-se um partido oficialmente anacrónico. Sobre o tempo em que vivemos, o PS não tem nada a dizer.

Por outro lado, a quezília dos media contra as chamadas “redes sociais” mostra três deturpações preocupantes.

 Põem-se em pé de igualdade e consideram-se rivais uns dos outros. 

Segunda. Não confiam em que o público reconhece no jornalismo uma credibilidade especial. Os próprios media deixaram de confiar em que os consumidores vêm nos jornais e televisões oficiais uma espécie de selo de garantia. Eles próprios, os jornalistas, reconhecem essa falta de confiança. Impressiona a maneira como aceitam a sua humilhante reputação com toda a naturalidade.

As pessoas precisam demasiadas vezes de recorrer à internet para verificar a desinformação que os órgãos informativos formais, reputados como jornalísticos, transmitem. O caudal de “factos” errados, deturpados, insuficientes, instrumentalizados ao serviço do pensamento oficial do regime, apresentados como a verdade revelada e cujo contraditório é tomado por “fascista” tornou-se a nossa vida habitual.

O Silêncio ...


Muitas coisas melhor se diz calado, pois o silêncio não tem fisionomia,
mas as palavras sim têm muitas faces.

(Machado de Assis)

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (134)

Dez dias passados, a maioria dos protagonistas da classe política ainda não entendeu o que se passou, ou o que aí vem. A  AD tem uma oportunidade histórica de reformar o país e de escolher com quem o faz (que vai muito mais além do que a revisão constitucional.   (Francisco Mota Ferreira, J Negócios) )

O sinal mais grave que 18 de maio mostrou não foi o novo crescimento do Chega, o desastre do PS, a quase extinção da extrema-esquerda, a vitória menor da AD ou o fraco crescimento da IL. Foi o aumento generalizado da intolerância, que se tem revelado na incapacidade de a bolha (e de quem dela se alimenta) saber interpretar e respeitar os resultados eleitorais....  

As Políticas De Saúde

 Em lugar de criar mastodontes nas salas do SNS como tem vindo a ser feito, importa sim criar unidades com escala gerível, avaliação transparente de resultados e exigências específicas de cooperação.

O Estado Mastodôntico e as Políticas da Saúde - Muito especialmente desde 2015, com os Governos de António Costa, as políticas adotadas para melhorar a gestão do SNS não têm apostado em:

  • Melhor formação dos gestores não se conhecendo ações sobre temas prioritários como a contratação pública, o planeamento ou o controle orçamental;
  • Na melhoria dos sistemas de informação que apoiam a gestão continuando a conhecer-se casos em que se desperdiçam muitas horas dos médicos em simples tarefas administrativas tais como passarem dados de um sistema para outro;
  • No controle orçamental das organizações onde o recente caso reportado pela TVI sobre Santa Maria parece sugerir que o simples controle dos pagamentos mensais a cada colaborador não existirá.
Pelo contrário, a grande aposta política tem sido a concentração de funções e responsabilidades de que é exemplo a instauração da gigantesca organização da Direção Executiva do SNS ou a própria formação de superstruturas agregando numerosas entidades as quais deram origem às ULS de que é exemplo a que integra Santa Maria e cujo orçamento anual se aproxima dos mil milhões de euros. 

Convém, aliás, recordar que os primeiros passos já tinham sido dados quando se diluíram os nosso hospitais públicos nos Centros Hospitalares com o argumento surreal de poderem assim fazer compras conjuntas (!).
2O Modelo de Coordenação Soviético e o SNS

Aliás, a tendência mastodôntica choca também com o imperativo da descentralização e de transferência de competências, direitos, deveres e orçamentos para o Poder Local tal como aliás foi oportunamente referido pelo anterior Bastonário da Ordem dos Médicos.

Em suma, se se pretender iniciar novo ciclo de políticas públicas para a Saúde e evitar o descontrole e o desperdício importará corrigir o erro atual que permite surgirem as dúvidas agora sentidas por todos com as notícias divulgadas pela TVI sobre a ULS de Santa Maria.

As principais e únicas justificações para esta dinâmica mastodôntica são:facilitar a coordenação entre as entidades agora fundidas; não duvidar dos seu controle graças aos sistemas inspetivos.

Ora considerar que a coordenação implica criar superstruturas era postulado do modelo da sociedade soviética e numerosos autores consideram esse erro como um dos principais fatores de colapso.

(excertos do texto de Luís Valadares Tavares, OBSR, ler aqui texto na íntegra)

O Caráter


Cada pessoa é responsável por construir o seu próprio caráter. Enquanto existem aqueles que escolhem o caminho do bem, muitos outros preferem fazer o que é errado, pensando apenas no seu próprio benefício. São essas pessoas que puxam o tapete das outras, que pisam em quem for preciso para chegar ao topo. Pessoas que tiveram todas as chances do mundo de serem corretas, mas simplesmente ignoraram essas oportunidades.

Não raro, quem é mau-caráter sempre tem uma desculpa. Não fez por mal, não queria que tivesse aquela consequência, foi só uma vez. E pode apostar que ainda juram que nunca mais vai se repetir, mas quantas vezes na vida não juraram isso? É só conversa para não entrar em problemas, e só porque foram apanhados . 

Às vezes parece impossível encontrar alguém em quem realmente dá para confiar. Há tanta gente enganando, mentindo, prejudicando os outros, tudo só para ter uma pequena vantagem, que muitas vezes nem é grande coisa, é só para ter o poder de superar alguém. Ainda tenho esperança de que existe gente boa no mundo, mas, enquanto ainda não tenho prova, prefiro confiar apenas na minha própria sombra.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Propósito Dos Gastos Feitos Anualmente Na “Limpeza De Erva”,


“O dinheiro que podíamos investir na floresta, na gestão e na condução da floresta, como deve ser, estamos a investir na limpeza da erva todos os anos. Portanto, isto não é uma solução, é um recurso, mas não é uma solução até porque está mais do que provado, até pelas diferentes comissões que estudaram o assunto quando houve os grandes incêndios, que nada disso pararia os incêndios que ocorreram”, afirmou o presidente da ANEFA.

Pedro Serra Ramos defendeu, em declarações à Lusa, que “está na altura de rever a legislação”, embora seja preciso esperar pelo novo Governo para que isso aconteça.

“Este ano, ainda por cima, é um ano em que, como choveu muito, há muita erva. Se entretanto começar a aquecer muito toda ela vai secar e, portanto, andamos sempre a gastar dinheiro”, apontou.

Além das dificuldades dos proprietários na contratação de empresas para a limpeza, PSR admitiu que houve “um aumento geral de tudo”, da mão-de-obra aos custos de equipamentos, e, “por isso, os preços têm que subir” e “não há outra maneira de o fazer”.

O diretor-geral da Florecha, Rui Igreja, notou que, além das dificuldades de trabalhadores, “os equipamentos também não são infindáveis”, para a quantidade de trabalho, e o aumento do ordenado mínimo contribui para aumentar os custos, naturalmente refletidos nos clientes.

Fonte oficial do Ministério da Agricultura e Pescas referiu que o gabinete do secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, está a acompanhar com elementos do setor a situação, mas para já, após a prorrogação do prazo do fim de abril para 31 de maio, não há decisão quanto a novo prolongamento, até por duas semanas de calor bastarem para a vegetação secar.

Fonte: Greensavers

A Frase (133)

Vivemos uma era de simulacros, em que verdades fabricadas ocupam o espaço dos fatos e as narrativas substituem a realidade. O divórcio entre o que acontece e o que se propaga tornou-se estrutural. Numa sociedade movida a cliques, algoritmos e polarização, a informação deixou de ser um bem público para se tornar arma ideológica.     (Marcus Vinícius De Freitas, J Económico)
  
As redes sociais agravaram esse cenário. Cada indivíduo tornou-se um emissor de “verdades” subjetivas, e a própria ideia de fato passou a ser questionada. A democracia sofre quando as decisões políticas se baseiam em percepções distorcidas. A guerra da informação já não distingue entre ignorância deliberada e manipulação estratégica.

Este artigo pode parecer geopolítico. Mas o custo da manipulação é devastador na economia. Precisamos de uma imprensa responsável, de leitores críticos, de líderes que resistam à tentação de fabricar consensos artificiais. É preciso, agora mais do que nunca, reaprender a difícil arte de encarar os fatos – ainda que desconfortáveis.