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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (237)

A ironia é mordaz: aqueles que deviam ser o alicerce do futuro nacional, partem. E não é difícil compreender porquê.   (Bruno Fonseca Lobo, OBSR)

Portugal tem-se revelado um verdadeiro laboratório de inépcia na tentativa de romper as amarras da reprodução social. O ponto de partida de um jovem no nosso país continua perigosamente vinculado à sua origem familiar, numa perpetuação asfixiante de determinismos sociais. (...)

O desafio que se coloca às empresas portuguesas é, pois, gigantesco. Num mercado globalizado, onde o talento qualificado é cada vez mais escasso, apenas aquelas que forem capazes de criar ambientes laborais verdadeiramente atrativos conseguirão sobreviver. E não basta oferecer um salário ao final do mês. Flexibilidade, espírito de comunidade, oportunidades de desenvolvimento contínuo e, claro, remunerações justas — estas são as exigências de uma geração que se recusa a aceitar menos do que aquilo que sabe merecer. (...)

Mas, se é verdade que nem todos os jovens partilham das mesmas ambições e expectativas, é igualmente inegável que Portugal falha, de forma reiterada, na quebra das suas amarras sociais. E a mudança, se quisermos de facto reter o talento que nos bate à porta, não pode ser apenas uma questão de política pública. Ela deve emergir, com urgência, do seio do nosso tecido empresarial. O talento está cá, à espera de ser acolhido. A pergunta que se impõe é: saberemos recebê-lo? Ou continuaremos, impotentes, a assistir à sua partida, enquanto o futuro de Portugal se escreve em línguas estrangeiras, em terras longínquas? (...)

A Noite E A Casa

A noite reúne a casa e o seu silêncio
Desde o alicerce desde o fundamento
Até à flor imóvel
Apenas se ouve bater o relógio do tempo

A noite reúne a casa a seu destino

Nada agora se dispersa se divide
Tudo está como o cipreste atento

O vazio caminha em seus espaços vivos

A noite e a casa

A noite reúne a casa e o seu silêncio
Desde o alicerce desde o fundamento
Até à flor imóvel
Apenas se ouve bater o relógio do tempo

A noite reúne a casa a seu destino

Nada agora se dispersa se divide
Tudo está como o cipreste atento

O vazio caminha em seus espaços vivos

(Sophia de Mello Breyner Andresen)