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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase

Em rigor, as listas do PS e do PSD são uma negação da escolha democrática, são sobretudo a representação da lógica do aparelho, dos interesses corporativos da partidocracia, da vida política em formato vegetal. O Parlamento em versão “Clube dos Deputados Mortos”.            (Carlos Marques de Almeida, ECO

O ofício da rotina partidária impõe a apresentação das listas de deputados para as próximas Eleições. Metade dos cabeças de lista no elenco do PS são Ministros do Governo em exercício. Tal só pode significar o domínio imperial do Líder e uma nova visão política absolutamente estática, estanque, estável na obediência. As listas do PSD são lideradas por apoiantes do Líder Supremo, verificando-se uma espécie de purificação ideológica de um partido sem ideologia. Tal só pode significar que a lealdade é o principal ingrediente da nova visão política do PSD, um futuro político feito de criaturas anónimas, obedientes, previsíveis, que defenderão tudo menos a dignidade dos cidadãos que representam. Em rigor, as listas do PS e do PSD são uma negação da escolha democrática, são sobretudo a representação da lógica do aparelho, dos interesses corporativos da partidocracia, da vida política em formato vegetal. O Parlamento em versão “Clube dos Deputados Mortos”.

Saiba Como Vai Este País

Não há fonte maior de desesperança do que a ideia de que as nossas opções de vida estão limitadas pelo meio social.

Desde logo porque não temos, na escola pública, um instrumento minimamente eficaz para resolver o problema.

Depois, é bom relembrar que o País está há 20 anos estagnado do ponto de vista económico. É, aliás, o que normalmente acontece quando se imagina que a única função das políticas públicas é a de redistribuir indefinidamente, uma e outra vez, uma riqueza que não existe e que se imagina poder ser criada por decreto. Ora, como é bom de ver, a seguir a uma escola disfuncional, nada é mais inibidor de uma evolução social ao longo da vida do que um ambiente macroeconómico que não é gerador de oportunidades ou de empregos de qualidade, com uma fiscalidade asfixiante, sem estímulos de qualquer ordem para fazer mais e melhor. Ou alguém acha que é por acaso que 30% dos jovens portugueses, de acordo com um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, declaram querer emigrar?

Finalmente, porque, a somar a este fracasso estrepitoso da escola, a somar a este contexto económico paralisante e medíocre, há ainda que contar com as dificuldades inerentes a um País pequeno, ainda largamente paroquial e sobretudo com elites endogâmicas que tendem a perpetuar, de geração em geração, pequenos ou grandes privilégios (no acesso ao mercado de trabalho, na progressão nas carreiras, no acesso às várias estruturas de poder) que pouco ou nada têm que ver com a ideia de esforço ou de mérito. (ler texto completo)

(Pedro Norton, Visão)

O Amor É Cego E A Loucura O Acompanha


Os Sentimentos Humanos certo dia reuniram-se para brincar.
Depois que o Tédio bocejou três vezes porque a Indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a Desconfiança estava tomando conta, a Loucura propôs que brincassem de esconde-esconde.
A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros que certamente alguém ali iria trapacear. O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e Apatia, ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de esconder não estava com nada, a Arrogância fez cara de desdém pois a idéia não tinha sido dela, e o Medo preferiu não se arriscar: “Ah, gente, vamos deixar tudo como está”, e como sempre perder a oportunidade de ser feliz. A primeira a esconder-se foi a Preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. O Otimismo escondeu-se no arco-íris, e a Inveja se ocultou junto a Hipocrisia, que sorrindo fingidamente atrás de uma arvore estava odiando tudo aquilo.
A Generosidade quase não conseguia esconder-se porque era grande, e ainda queria abrigar meio mundo, a Culpa ficou paralisada pois já estava mais do que escondida em si mesma, a Sensualidade estendeu-se ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem boba nem frígida; o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia ninguém mais.
A Mentira disse para Inocência que ia se esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo, e o Esquecimento já nem sabia o que estava fazendo ali. Depois de contar 99 a Loucura começou a procurar. Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos furados pelos espinhos.
A loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo.
Desde então o Amor é cego e a Loucura acompanha-o.
Juntos fazem a vida valer a pena.

(Lya Luft)