Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O Distanciamento Entre A Opinião Publicada E A Realidade Do Pensamento Das Pessoas

A realidade construída levava Hillary, sem sobra de dúvida, à Casa Branca. É ela também quem o admite ao não conseguir fazer um discurso de derrota e dias depois ao afirmar que lhe apetece ficar fechada em casa a ler um bom livro.

Questões Que Se Impõem

Os eleitores optam pelos extremos encontrando pontos fortes de ruptura com o estado letárgico das coisas, embalado pelo discurso dos que não conseguem efectivamente fazer, mas nunca abrem espaço aos mais criativos e competentes para liderarem essas mudanças. Será o fim dos clãs que dominaram a política americana?

 Será o começo de uma outra elite que movimenta milhões e se eleva com base num discurso populista, mas mobilizador?

O efeito contágio pode ser perigoso na Europa, nomeadamente em França e na Holanda. Há uma outra pergunta fundamental por responder;

Serão estes populismos suficientemente fortes para conseguirem fazer o que prometem e arrastar multidões consigo?

A história tem demasiados alertas para o que acontece quando os homens se guiam num espírito de matilha acéfala e liderada pela fúria sem princípios de quem se afirma como o mais astuto.

Excertos do texto de opinião de João Fernando Gomes, RTP 

A Palavra Do Ano : Pós-verdade

Ou A Mentira Moderna, como escreve FF no DN

Ontem, o Oxford Dictionaries cunhou a palavra do ano: pós-verdade. Uma homenagem ao brexit e a Trump. É um adjetivo que define uma sociedade pasmada com a realidade. Espero que passe a substantivo, já. É que, se a verdade é dura, a pós-verdade, que é uma mentira, pode distinguir-se talvez melhor, pois é mole. Infiltra-se, entra-nos furtivamente. A pós-verdade é a mentira com pozinhos de perlimpimpim. A pós-verdade andou a marinar há duas décadas, a enfiar-se nas redes sociais com enormes teorias da conspiração e logo com mentirinhas. A eficácia destas era o surgimento sistemático que os facebooks permitem e incitam. Um dia, no nosso correio eletrónico: "Michelle Obama é homem." Quem morde, tem mais isco: "Nunca suspeitou por não haver fotos da gravidez dela?" De facto, pensando bem... E o anzol prende, prende, e, há um mês, lia-se uma reportagem do The Washington Post sobre uma eterna eleitora democrata, que desta vez ia votar Trump. Porquê? "Michelle Obama é homem." Pois, nunca mais se pode fazer uma campanha eleitoral sem um kit com testes para identidade de género (os partidos, pelo menos os desconfiados, deviam pedir apoio ao Comité Olímpico, que tem destes kits). O problema é que a pós-verdade é como a comichão, surge logo outra: "Prendo-a de imediato", disse Trump sobre a Hillary. E vem a seguir uma pós-verdade mais nítida: "Afinal já não a prendo." Tudo é enorme, nada é categórico. E nós deslizamos, deslizamos...

Ó Mera Brancura

Ó mera brancura
Do luar que se esfolha,
Ó rio da alvura
Do luar que te molha -

Montanhas que ao longe
Não têm um grito,
Todas um só monge
No claustro infinito -

Murmúrio das águas
Que ao luar que as não vê
É sombra, sem mágoas,
Macieza que é

A alma da noite,
A sombra do luar...
Ó nunca eu me afoite
Até não sonhar!...

Wardour + Pessoa