terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A “consciência de si”, E A Procura De Uma Educação Mais Emocional.

 “se não houver educação maciça, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”. Associou a carência de educação ao crescimento de movimentos anti-imigração, à ascensão de partidos neonazis de nacionalismo xenófobo. (António Damásio [há uns anos atrás]

Face ao panorama atual, somos levados a crer que os sistemas educativos estão a falhar?Em parte, a resposta é um sim. Os sistemas educativos não estão a responder aos desafios que enfrentamos atualmente. 

A situação inclui uma transformação profunda do dia a dia que se relaciona com diversos fatores, como a aceleração do ritmo de vida, a perda de influência de sistemas religiosos que, tradicionalmente, têm funcionado como moderadoras da agressividade e da violência, a transformação do entretenimento que, no presente, é muito mais violento do que no passado. O fator que possivelmente é o mais importante prende-se com a transformação imposta pelas redes sociais.

Um dos fatores que contribui para o aumento da violência prende-se com a desregulação que resulta das redes sociais. Hoje, há a substituição da educação, do tempo pessoal e de reflexão, pela diversão e entretenimento. Há o confronto constante com a ação, por vezes violenta, como substituta da reflexão e da calma. Temos uma imagem permanente de violência e de ação, com a exibição de conflitos e incompatibilidades, em vez de propostas de soluções. Atualmente, há a exaustão frente ao conflito e a vulgarização do mesmo. É muito difícil as pessoas terem tempo para pensar soluções alternativas quando tudo aquilo que lhes é oferecido é violência e confronto. ( António Damásio, DN continuar a ler aqui

A Frase (46)

A lógica de vencer um debate pode ter a consequência de perder um país. Um candidato dá garantias de viabilizar um governo minoritário do adversário e logo a questão da “reciprocidade” se coloca como factor fundamental para a sobrevivência da democracia portuguesa. Um “não que é não” é objecto de discussão como se fosse um tratado sobre a natureza da política. Os “abcessos de fixação” estão a matar a discussão política pela facilidade, pelo imediatismo, pela vertigem do ciclo noticioso, porque algo tem de se passar quando afinal nada se passa. O discurso político está reduzido a um raciocínio de administração e contabilidade.   (Carlos Marques de Almeida, ECO)

O realismo político não pode ser definido por um olhar superficial e impensado sobre as aparências. Porque a política em Portugal é o recreio da superfície e da aparência, o país é uma realidade bipolar entre a euforia e a depressão. Sem casa e sem nome, os portugueses são as vítimas da banalidade da política.

No país das eleições não se pode ser exigente. A exigência é marca de arrogância intelectual, actividade antinacional, frustração existencial. O país político adora criticar os “profetas da desgraça” e adora elogiar os “idiotas úteis”. No país das eleições temos de ser optimistas. O optimismo de quem acredita na “lucidez dos políticos”, no voluntarismo das boas intenções, na capacidade dos portugueses. O país político adora as “posturas construtivas” que garantem no futuro o “interesse nacional”. Contra todos os “situacionismos” e a bem do interesse nacional vamos apenas ser realistas e exigir o impossível. 

Viver É ...

 

Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.

Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.

Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde.
Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. (...)

A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas.

Joaquim Pessoa, em 'Ano Comum'