domingo, 16 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Estas São As Frases (3)

Se está tudo a correr tão bem para quê mudar? Os desentendimentos exagerados e forçados entre o PSD e o PS, muitas vezes por fúteis motivações táticas, são um ingrediente central da degradação da política.   (Paulo Ferreira , OBSR)

O pior não está nas eleições antecipadas que vamos realizar no dia 18 de Maio. Numa democracia, as eleições funcionam muitas vezes como um fusível, o mal menor que é necessário sacrificar para manter a integridade, do sistema.

Como se viu nas últimas semanas, ambos os partidos se obrigaram ao desentendimento, mesmo quando ele era facilmente ultrapassável mantendo o essencial: o governo em funções e um completo esclarecimento das dúvidas que ainda possam recair sobre o primeiro-ministro.

Esta prática de acentuar divergências e de as ampliar artificialmente acontece, muitas vezes, por meras razões táticas que se prendem com a narrativa da próxima semana. Não é nova e, há poucos meses, assistimos a isso nas negociações para o Orçamento do Estado quando se discutia uma redução pífia do IRC ou a descida do IRS para os jovens.

Não devíamos ter ido para eleições porque as instituições existem por alguma razão. Mas se vamos, é conveniente que os próximos dois meses sejam para discutir o país que queremos.     (André Abrantes Amaral,OBSR)

É por estes motivos que as eleições que se aproximam não se podem limitar a um plebiscito ao Primeiro-Ministro. Há muito mais em causa que é muitíssimo mais importante que os interesses profissionais de Luís Montenegro. Assim, as próximas legislativas devem ser para se apresentar propostas, se discutir política.

Obsessão ...


Temos que tomar muito cuidado
para o que querer não se
torne uma obsessão, isso só
dificulta as coisas. Quando
estamos obcecados por algo ou
alguém, ficamos cegos e
burros

(GP)

sábado, 15 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (70)

A democracia é imperfeita - Acabar com a democracia, para pôr um termo à sua imperfeição, é o mesmo que matar o ser humano porque está doente, não matar a doença. (António Barreto, Público)

A democracia não é um regime perfeito. Nem santo. Esta semana, um debate miseravelmente ridículo, no Parlamento, terminou com uma dissolução e a convocação de eleições. Um grotesco debate na segunda câmara, a televisão, confirmou e ampliou a mediocridade intelectual, política e moral da discussão em curso. 

A patética burla, em que quase todos os partidos participaram, teve a finalidade de garantir que não queriam eleições, mas que eram os outros que as forçavam. A coreografia circense de reduzida qualidade a que assistimos tinha como principal objectivo comover os seus correligionários, incomodar os adversários e passar as culpas para as suas falhas. Sabedores de que os eleitores começam a estar cansados, os que aceitariam eleições quereriam poder culpar os outros. 

Como se a política nacional e a democracia fossem jogos de salão. Ou de casino. Os mais toscos dos políticos não deixam de pensar em duas ou três eleições nacionais, e muitas mais estrangeiras, em que os partidos que provocaram eleições fora de tempo foram castigados pelos eleitores cansados.

Em Silêncio ...


 Tudo tão quieto...tudo tão parado
Nem lua, nem estrelas no firmamento
Tudo escuro...tudo paralisado
Nenhuma brisa...nem vento em alento...

Nenhum rumor...tudo imóvel...calado
Lá fora no breu, nenhum movimento,
Até os sapos parecem hipnotizados
Silenciaram...não coaxam mais seu acalento...

Do mar, nenhum rugido...nenhum bramido
Tudo estagnado...nem das ondas o bailar
E dos pirilampos, nem o doce esvoaçar...

Nem meu coração, nessa noite, faz ruído
Agoniado, saudoso de ti, a recordar
Em tributo...fica em silêncio ...

(ania-lepp) 

sexta-feira, 14 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (69)

O embate era já inevitável, e nós apanhámos com os estilhaços. (Tiago Freire, ECO)

A teoria dos jogos tem longas páginas escritas sobre a “chicken race”, explicando que não há um incentivo real para ambos os jogadores irem até ao fim, porque isso pode significar a sua morte. Mas a testosterona, a gritaria, a bazófia, são instrumentos muito mais poderosos do que a teoria política considera habitualmente. (...)

A quantidade de disparates cometidos, desde que o homem é homem, apenas para não “perder a face”, encheria várias enciclopédias. O que vimos na política portuguesa na última semana daria todo um triste capítulo.

Pedro Nuno, farto de ser considerado demasiado manso enquanto líder da oposição, sentiu que a sua margem de recuo tinha terminado, e teve de se fazer de forte. Luís Montenegro reagiu de forma mais teimosa e nervosa do que o caso exigiria, e creio que isso terá a ver com o que ele sentiu como um ataque pessoal, não apenas a si mas à sua família, à sua terra, às suas raízes de fora da corte lisboeta. Acredito que esse lado mais emocional da questão tenha toldado o seu raciocínio. Isso levou-o a não matar o assunto de uma vez e a acelerar de volta, numa dupla sinfonia de rugidos de motor que, francamente, pareceu sempre algo ridícula, de parte a parte. (...)

Pura e simplesmente, viemos parar a esta crise política, com a qual ninguém tem nada a ganhar, porque ninguém fez o suficiente para não termos cá chegado. E, às vezes, isso basta.  (texto na íntegra)

A Noite Vem Buscar Secretamente


A noite vem buscar secretamente
através das dobras das cortinas
brilho de sol esquecido em teu cabelo.
Olha, nada mais quero que não seja
ter entre as minhas tuas mãos , e ser
tranqüilo e bom, todo cheio de paz.

Fazes-me crescer a alma que estilhaça
o dia-a-dia em cacos; e assim ganha
uma amplitude que é milagre teu:
Nos seus molhes de aurora vão morrer
as primeiras ondas de infinidade.

(Rainer Maria Rilk)

quinta-feira, 13 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Miguel Macedo (1959-2025)

Morreu Miguel Macedo. O antigo ministro da Administração Interna tinha 65 anos e terá sido vítima de ataque cardíaco fulminante em casa ( OBSR)

Natural de Braga, licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Tornou-se militante da JSD, aderiu depois ao PSD e foi deputado à Assembleia da República em várias legislaturas. Ainda na política, foi secretário de Estado da Juventude no governo de Aníbal Cavaco Silva e secretário de Estado da Justiça nos governos de Durão Barroso e depois de Pedro Santana Lopes. 



Sondagem - Em Qual Dos Dois Confia Mais Para 1º Ministro


Caso Spinumviva custa seis pontos num mês ao PM, segudo Barómetro DN/Aximage. Ainda assim, está à frente de Pedro Nuno Santos, que pouco ganha com a polémica. Desempenho do Executivo também cai.

Fonte: DN

Ser Diferente ...

 
A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda 
a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém
 usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não 
quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; 
no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de
 provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; 
nnunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em 
qualquer tempo defender dos ataques dos lobos.

(Agostinho da Silva)

quarta-feira, 12 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (68)

Estamos a caminho de uma década perdida e vamos de novo para eleições, que ninguém quis, mas todos foram obrigados a aceitar.  (Helena Garrido, OBSR)

O poder está há demasiado tempo a ser um fim em si e não um meio para atingir um fim, a melhoria as condições de vida dos portugueses. Uma imprudência do primeiro-ministro não vai apenas condenar-nos a perder ainda mais tempo, depois de uma década já perdida. Pode igualmente significar uma elevação do patamar de exigência para quem quiser entrar na actividade política. Os advogados terão de se cuidar ou de desistir de entrarem na política.

Luís Montenegro cometeu depois o erro de não se ter disponibilizado a explicar tudo, o mais rapidamente possível, optando até por teorias da conspiração, e assim permitiu que o caso o fosse queimando. Até que começou a ficar sem saídas. Perante uma comissão parlamentar de inquérito do PS, que envolver a sua família e Entre Arrastar-se durante meses, contaminando as eleições autárquicas e presidenciais, ficou entre a espada e a parede. (...) O PS deixou-se enredar em dados sobre a vida do primeiro-ministro que ultrapassam o que se pode considerar como um escrutínio ao poder. (...)

E é essa cumplicidade do PS, com a divulgação de matéria que quebra a barreira do escrutínio para se aproximar da devassa da vida privada, que pode ter criado aqui o ponto de não retorno. Primeiro porque podemos agora passar a querer saber tudo sobre a família dos políticos, sobre as profissões do seu agregado familiar e sobre as suas atividades passadas. (...)

Em suma, a atenção deveria ter estado concentrada neste último ano de actividade da empresa para se perceber até que ponto o primeiro-ministro violou os seus deveres, designadamente de exclusividade e éticos. (...)

E foi com base na radicalização deste tema, nomeadamente da actividade de um ano de uma pequena empresa de serviços, que não se pode desvalorizar e merece escrutínio, que provocámos uma crise política quando o mundo está virado do avesso e tivemos eleições fez dia 10 de Março um ano.

Com as eleições congelamos mais uma vez o país. Há decisões sobre o Plano de Recuperação e Resiliência que não vão ser tomadas, há investimentos estruturantes como o novo aeroporto ou a ferrovia que se vão atrasar, há o estado da saúde que se vai degradar, há o problema da habitação que não vai beneficiar de medidas que aumentem a oferta de casas, há uma simplificação administrativa que seria tão positiva para o crescimento da economia que fica por fazer. (...)   (ler texto na íntegra)

Conformismo VS Individualismo


Alguns autores contrapõem esses dois conceitos, sugerindo que a solução para o conformismo 
seria o individualismo. No entanto, é importante destacar que ambos podem ser negativos, 
pois tendem a levar a extremos:

– Conformismo: Afasta a pessoa de sua individualidade, levando-a a aceitar tudo o que o grupo determina.

– Individualismo: Afasta a pessoa do grupo, ao enraizá-la em sua própria visão de mundo.

Em ambos os casos, a interação saudável com o grupo social é prejudicada. Uma pessoa com 
padrões sociais equilibrados precisa aprender a ceder ocasionalmente às necessidades coletivas 
do grupo quando julgar que a decisão é socialmente ou politicamente correta, mesmo que isso 
traga alguma insatisfação. Ao mesmo tempo, deve ter opiniões sólidas, com argumentos justos, 
para discordar quando acreditar que as decisões sociais ou coletivas não estão sendo eficazes.

Como seres sociais, é essencial encontrar um equilíbrio que permita interagir de forma saudável 
com os diferentes grupos em que estamos inseridos, sem que essa interação se torne 
uma reação de aversão.

( Gemma Alvarado)

terça-feira, 11 de março de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Saiba Como Vai Este País

  • A suspensão política nos próximos meses e a incerteza sobre o resultado eleitoral e a governação podem ter impactos económicos relevantes. Mas todos parecem esquecer o que está subjacente à crise.

Como diz o presidente da CIP em entrevista ao ECO, as eleições vão servir para mandar Montenegro para casa ou para lhe dar a autoridade perdida. “Creio que [o primeiro-ministro] foi temerário, mas creio que a sua integridade enquanto gestor da coisa pública não está em causa.  

Dito de outra maneira, se cometeu algum ato de corrupção, de peculato, objetivamente não temos dados neste momento que nos permitam dizer que cometeu… Então, se não cometeu, a alternativa não é um ‘nim’, é sim ou não. Cometeu algum ilícito ou não cometeu. Se cometeu, é uma conclusão, se não cometeu, [é] outra, mas pode vir a cometer. Bom, então já entramos dentro de uma esfera que é a política”. É isto.

No primeiro ano em funções, o Governo merecia um 65% (em 100%). Áreas a correrem particularmente bem, uma, especificamente, particularmente mal, e outras ainda à procura do seu caminho. Vinha aí uma remodelação por causa das autárquicas, por exemplo, o ministro Pedro Duarte a caminho das eleições para o Porto, e a oportunidade de um segundo fôlego a olhar para legislativas a seguir às presidências, lá para meados de 2026. Hoje, Montenegro merece um 35%.

Os portugueses, em eleições, vão dar-lhe quanto?   (excertos do texto de António Costa, ECO)
  • Todas as dúvidas e inquietações que surgem quando um primeiro-ministro fica sob suspeita deviam ter resposta célere, além do combate político que está sempre subjugado a um viés que é o calendário eleitoral. A resposta sobre se Luís Montenegro agiu dentro das regras ou não, se cometeu irregularidades ou ilegalidades, devia poder ser dada por uma entidade competente para o efeito, num prazo razoável que impedisse que todo um Governo e um projeto para o país, em que mais portugueses acreditaram há menos de um ano, fosse transformado num mero jogo político. Mas sabemos que, apesar de o combate à corrupção ter sido uma bandeira do Executivo, esse organismo não existe.
A Entidade para a Transparência é um mero depósito de registo de interesses dos titulares de cargos públicos; o Mecanismo Nacional Anticorrupção criado há dois anos é ainda um fantasma. Resta o Ministério Público, que pode investigar suspeitas de prática de crimes.      (Valentino Marcelino, DN)