segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (301)

O Almirante sem partidos é uma ficção gaullista. O Almirante valoriza a Pátria como solução para a crise do Estado, o Almirante valoriza o Estado como solução para a crise Social.   (Carlos Marques de Almeida, ECO)
 
(...) Não é um exercício politicamente impossível em Portugal, mas em momentos de crise nacional, em circunstâncias de ruptura constitucional, em cenários de revolução política. Talvez o país viva a revolução do esgotamento do Regime, a crise moral da República de Abril, a recusa intencional de se pensar perante a incerteza no Mundo. Um Almirante é sempre um Almirante. “Esta é a primeira vez que cá estou depois da última vez que cá estive”. (...)

O conceito de “Presidente de todos os Portugueses” funciona como modelo à Esquerda, mas falha de modo disfuncional à Direita. Primeiro, a Direita tornou o Presidente da República uma figura fria e distante. Depois, a Direita tornou o Presidente da República na futilidade popular de uma proximidade estudada. (...)

Em função da deriva Parlamentarista da República, perante a fragmentação partidária da representação política, face à improbabilidade de uma qualquer Maioria Absoluta no tempo político mais próximo, na observação de uma Direita Radical em expansão, terá o Almirante Presidente a coragem da Dissolução e das Eleições Antecipadas? Pelo desvario tremendista da personalidade a resposta só poderá ser afirmativa. Estaremos perante uma Nova República entre o Parlamentarismo e o Presidencialismo?

O Almirante sem partidos é uma ficção gaullista. O Almirante patriota é uma nova versão sidonista. O Almirante valoriza a Pátria como solução para a crise do Estado. O Almirante valoriza o Estado como solução para a crise Social. O Almirante valoriza a moral como solução para a crise Política. O Almirante valoriza o povo como solução para a crise de Autoridade. Se assim não é, assim parece. Todos os políticos em silêncio são geniais.

Sombra Sou Eu


 A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei dó que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e que não me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!

(Almada Negreiros)