quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde


O Efeito-Bugalho É Ainda Uma Incógnita

A  escolha do jornalista e comentadore Sebastião Bugalho como cabeça de lista da AD para as europeias agitou a vida político-mediática portuguesa como não se via há muitos anos. Nas últimas 48 horas, ouviu-se de tudo para diminuir uma candidatura que rompe com um certo estado de sítio, uma estagnação em águas que estão sempre reservadas aos mesmos.

(...) O efeito-Bugalho é ainda uma incógnita. A sua capacidade intelectual e consistência de pensamento só podem ser desvalorizados por má fé (ou ignorância), mas essas condições estão longe de garantir uma vitória eleitoral. Desde logo, vai ter um caminho difícil porque os jornalistas não lhe vão facilitar a vida. Mas Bugalho tem a obrigação de contar com isso, e não deve pedir outra coisa senão a verdade. (...)

Sebastião Bugalho (...) desconhece-se ainda o que é a sua visão para Portugal na Europa, para o futuro da União Europeia. Mas tem virtudes para um candidato da AD: Fala aos jovens, fala à direita alargada, aquela que inclui o PSD de Montenegro, de Passos, aos centristas e até novos eleitores do Chega. Conservador e católico, alarga o mercado eleitoral da AD. E nestas eleições europeias, a televisão vai ter mais importância do que noutras.  (...)

Mas, tudo isto dito, o que se pode dizer de Marta Temido, a cabeça de lista do PS? Alguém sabe dizer hoje se Temido, a principal responsável pelo estado a que chegou o SNS, tem um pensamento que seja sobre a Europa  

(António Costa, ECO)

A Frase (95)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito. Para se cumprir Abril, não só mas acima de tudo, deve-se cumprir Novembro.   (Pedro Gomes Marçalo, OBSR)
 

(...) A liberdade, ontem como hoje, teve, tem, e terá sempre um preço.
E o preço da liberdade, é a democracia. 

E o preço da democracia é o pluralismo. É o diálogo, são e vivo. (...)

O preço da democracia é a capacidade de (con)viver, com o Outro, ao invés de nos reduzirmos a um qualquer instinto animalesco de destruição colectiva.7

É, por isso e no mínimo, estranho que há 50 anos tenhamos sabido pegar em armas sem, no entanto, cair numa sangrenta e inconsequente revolução, e não queiramos hoje pegar numa conquista desse tempo– a voz livre – e exigir que o 25 de novembro tenha o mesmo destaque, e solenidade, porque o merece. (...)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito, e, na inércia daqueles que vivem do espírito democrático, vão-se alimentado dessa mesma retórica.

Para se cumprir Abril, tem de se, não só mas acima de tudo, cumprir Novembro. 

Sintonia Para Pressa E Presságio


Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.

Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

(Paulo Leminski)