Enquanto o mundo se vira de pernas para o ar, por cá preferimos falar sobre a Carochinha e o João Ratão.
Imprevisível, é a palavra dominante dos tempos modernos. Passamos a vida a falar de segurança nas cidades e no país, mas o que verdadeiramente está inseguro é o mundo. Qualquer ponto do globo para onde olhemos parece um barril de pólvora prestes a explodir e diante do perigo que espreita a cada esquina, preferimos entreter-nos em discussões espúrias ou a bater papo nas redes sociais.
Respira-se no ar a sensação de fim de ciclo e isso, na história, corresponde quase sempre a guerra. O surgimento de personagens histriónicos, como Donald Trump, que prometem pôr o mundo na ordem de acordo com a sua própria lógica, também não é novidade. É só esquisito que a esta altura da história da humanidade, com tudo o que já conhecemos do passado, estejamos de novo na mão de um louco que não hesita em provocar tudo e todos. Que resultado é que tudo isto vai dar? Ninguém consegue prever exatamente.
O nosso futuro, de todos nós, mesmo aqui neste cantinho da Europa, onde achamos que estamos protegidos, está pendente de umas chamadas telefónicas entre um doido e um tirano. Não sei se têm fundamento as teses de que Putin ajudou Trump a chegar a Presidente dos Estados Unidos, mas sei que o senhor de Moscovo acha que pode comer as papas na cabeça do senhor da América. E também sei que o senhor da América, independentemente do caminho que escolha para o conseguir, nunca admitirá ficar na fotografia como um derrotado. Se o preço a pagar for ficar de braço dado com Putin, para espicaçar Xi Jinping, oferecendo a Europa de bandeja, esse preço será pago. (excertos do texto de Raquel Abecasis, SOL)
O circo dos Torquemadas - Infelizmente, o nosso regime envelheceu mal. Os melhores já não estão disponíveis para a política, porque o seu exercício desacredita quem nela ousa participar. (Rui Moreira, SOL)
Ora, o prestígio de uma instituição está em risco quando parte dos seus membros apostam no caos. E, neste parlamento que agora se despede, vimos de tudo como no circo. Do gracejo ao insulto, os deputados proporcionaram-nos momentos pouco edificantes, incluindo ajustes de contas e outros episódios lamentáveis e soezes. Os provocadores definiram um plano tático e conseguiram espicaçar os outros deputados a ‘perderem o sério’.