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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase

Não chegámos a saber porque é que a lei que pretendia regular o lobby, pronta para discussão e votação na segunda-feira, morreu na terça, com PS e PSD a aprovarem o adiamento da proposta sem nova data – o que significa que morrerá com a dissolução do Parlamento. 


Agora, de novo em véspera de eleições, foi o PS a virar a casaca à última hora. Num dia estava a trabalhar com o PAN e o CDS num texto final; no dia seguinte roeu a corda e matou a lei que ele próprio promovia. Isto é um aviso útil para o partido que andou a tentar convencer-nos de que não teve culpa nenhuma no chumbo do Orçamento do Estado e na antecipação das eleições: o PS mostrou que não é um parceiro político fiável. Só que não traiu apenas os partidos com quem estava a trabalhar. Traiu o seu eleitorado, a quem anda a prometer isto há anos, e traiu qualquer compromisso com uma democracia transparente e escrutinável, protegida da captura por lobbys opacos e promíscuos com o poder.          (João Paulo Batalha, Sábado)

A Guerra Que Aflige Com Seus Esquadrões

 A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem,
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!

(Alberto Caeiro, em "Poemas Inconjuntos")