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terça-feira, 7 de março de 2017

Offshores: Quase 2.900 Milhões Só Foram Comunicados Em 2016

Quatro das 20 declarações de instituições financeiras onde foram detetadas discrepâncias nas transferências para paraísos fiscais chegaram afinal à Autoridade Tributária já em 2016. De acordo com informação trazida pela diretora-geral de Impostos à comissão de orçamento e finanças, essas quatro declarações apresentavam uma diferença de cerca de 2.863 milhões de euros que ficou fora de controlo do fisco.

Os dados fornecidos por Helena Borges, a pedido dos deputados, mostram ainda que a maior discrepância, no valor de 2.781 milhões de euros, consta de uma declaração de substituição relativa a operações financeiras realizadas em 2012, mas que só foi entregue à Autoridade Tributária em junho do ano passado, antes da mudança do sistema informático que terá permitido detetar as falhas de reporte e controlo destas operações.(continuar a ler)  

No Complexo Enredo Do Caso BES, O Governador Transformou-se Numa Figura Semi-Trágica

No complexo enredo do caso BES, o governador transformou-se numa figura semi-trágica. Bem intencionado, Carlos Costa teve de resolver a maior crise bancária das últimas décadas, da melhor forma que conseguiu e com a margem que o poder político da altura lhe concedeu. (...) Mas é difícil concluir, face ao desempenho dos seus antecessores, que outro governador teria feito melhor que Carlos Costa naquelas circunstâncias.

Por outro lado, as falhas do supervisor no BES já se conhecem desde 2014 e a recente reportagem da SIC, “Assalto ao Castelo”, apesar de expor alguns factos novos, não veio alterar essa percepção. Daí que seja difícil justificar o cerco que o PS e os seus aliados à Esquerda estão a fazer ao governador Carlos Costa, neste ano da graça de 2017. Porquê agora? O que há de novo que ainda não se sabia em 2016, 2015 e 2014?

A resposta é quase nada.

A nomeação de membros do conselho do supervisor precisa do ‘OK’ do Governo e António Costa aproveita estas ocasiões para desviar as atenções de outros assuntos e para enfraquecer a posição do governador do Banco de Portugal, instituição que tem sido um dos raros pólos de poder que escapam ao controlo da maioria de Esquerda.

 Neste enredo, o PS, mostrando-se cauteloso, faz o papel de polícia bom, admitindo que nunca gostou do governador, cuja recondução lhe foi servida como um facto consumado, mas prometendo continuar a trabalhar com ele; enquanto o PCP e o Bloco fazem de polícias maus, invocando a “falha grave” prevista na lei como situação excepcional para justificar o afastamento de um governador que, tal como os juízes, deve ser inamovível.

O problema é que dificilmente este queimar em fogo lento da figura do governador do Banco de Portugal será do interesse do país.

Concorde-se ou não com a forma como Carlos Costa lidou com a crise no BES, fragilizar o governador não contribui para reforçar a confiança na supervisão e no sistema financeiro nacional. Assim, a menos que o governador deixe o cargo pelo próprio pé, o que se espera do Governo é que faça uma de duas coisas: invoca a “falha grave” e afasta de vez Carlos Costa (assumindo os previsíveis riscos para a imagem do país que uma decisão dessas traria), ou desiste da guerrilha institucional contra o governador.

Se a primeira opção fosse possível, António Costa já teria seguido por esse caminho. Assim sendo, resta a segunda.

Fonte: Filipe Alves, 'Polícia bom, polícia mau', JE

Esta É A Frase

«Poderíamos brincar ou fazer uma série de trocadilhos de bom efeito, mas, por vezes, é importante falar a sério. Sábado, Bruno de Carvalho ganhou a eleição por goleada, mas o seu discurso foi muito grave, porque apelou à discriminação e ao ressentimento, e rebaixou o nível da linguagem pública a níveis insuportáveis.»

Pinheiro de Azevedo, combatente de vários totalitarismos, não merecia ser invocado num dos momentos mais infelizes da vida pública portuguesa das últimas décadas.

Carlos Rodrigues, CM

Os Erros


A confusão a fraude os erros cometidos
A transparência perdida — o grito
Que não conseguiu atravessar o opaco
O limiar e o linear perdidos

Deverá tudo passar a ser passado
Como projecto falhado e abandonado
Como papel que se atira ao cesto
Como abismo fracasso não esperança
Ou poderemos enfrentar e superar
Recomeçar a partir da página em branco
Como escrita de poema obstinado?

Sophia de Mello Breyner Andresen