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terça-feira, 27 de julho de 2010

Dance With Me

Esta é a Frase

«Há umas décadas, o mecenato era obra de industriais e comerciantes bem-sucedidos. Hoje as empresas estão entregues a tecnocratas que não conhecem o valor da cultura.
O mecenato, que nascia do encontro pessoal entre empresários e homens da cultura, está em declínio. Hoje em dia, a alta cultura é financiada essencialmente pelo Estado ou pela administração pública. Mas até os políticos deixaram de ter o saber de antigamente e, absorvidos pelas extenuantes batalhas verbais, trabalham para os resultados eleitorais imediatos. Não dialogam, não fazem projectos a longo prazo nem criam instituições culturais de grande fôlego.»

Fonte:Francisco Alberoni, Jornal i

Os Convencidos Da Vida


«Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?

(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

Alexandre O'Neill