domingo, 19 de novembro de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Política Económica Do PS

Considerações judiciais à parte, a tragédia (ou comédia) governativa a que temos vindo a assistir parece-me ser apenas a consequência última do estilo de política económica messiânica e dirigista preconizado pela maioria socialista (e, admitamos, entranhado na essência do nosso pensamento governativo já desde os bafientos tempos salazaristas, para não ir a séculos mais distantes.   (Pedro Alexandre Jorge, ECO)

Por muito boas que sejam as intenções de toda a comitiva socialista, está na hora de percebermos que o tipo de política económica por si preconizada, conjugada com o fraco enquadramento institucional português, leva inevitavelmente ao compadrio, aos negócios obscuros e à necessidade destes “empurrõezinhos” típicos do dirigismo burocrático estatal. Leva também, como se vai suspeitando, a que “os piores cheguem ao topo”, como bem alertou Hayek há 80 anos.

Uma taxa de imposto transversalmente mais baixa, livre desta e daquela exceção, deste e daquele “memorando de entendimento”, seria não só mais adequada às nossas permeáveis instituições, como também, ao contrário do que afirmam os socialistas, muito mais justa.

A Frase (239)

Nos anos a vir e nos seguintes, assim como na história futura, esta semana, estes tempos e os próximos ficarão para sempre. Inesquecíveis. De triste recordação. E de inquietação crescente. Entraram em crise elementos básicos da confiança e da esperança. A certeza das instituições, a serenidade das elites e a segurança da justiça falharam. Ou não deram garantias. O Estado de Direito foi posto explicitamente em crise. (António Barreto, Público)

O que é para uso do partido não tem o mesmo tratamento: a “ética republicana” e a legitimidade política garantem que é justa a distribuição de despojos e razoável o benefício partidário. Quer isto dizer que, para muitos, as eleições democráticas conferem uma legitimidade a toda a prova, que se sobrepõe a outros critérios morais ou legais. Por outras palavras, quem está no poder, usa-o.

É este sentido de legitimidade que explica, em parte, o facto de tantas pessoas inteligentes, sabedoras, por vezes competentes, eventualmente cultas e experientes terem comportamentos condenáveis sem recear a lei ou a opinião. É o pior de tudo: o sentido da impunidade. A certeza de que o voto dá direitos e de que a democracia oferece vantagens pessoais e partidárias. O “quero, posso e mando” do soba ou do ditador não é pior do que o “quero, posso e mando” do democrata eleito…

Senhor, Meu Passo Está No Limiar


Senhor, meu passo está no Limiar
Da Tua Porta.

Faz-me humilde ante o que vou legar...
Meu mero ser que importa?

Sombra de Ti aos meus pés tens, desenho
De Ti em mim,

Faz que eu seja o claro e humilde engenho
Que revela o teu Fim.

Depois, ou morte ou sombra o que aconteça
Que fique, aqui,

Esta obra que é tua e em mim começa
E acaba em Ti.

Sinto que leva ao mar Teu Rio fundo
- Verdade e Lei -

O resto sou só eu e o ermo mundo...
E o que revelarei.

A névoa sobe do alto da montanha
E ergue-se à luz

O claro cimo que a Tua luz banha
Sereno e claro e a flux

Eu quero ser a névoa que se ergue
Para te ver

A humanidade sofredora é cega -
O resto é apenas ser...


(Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa  16-11-1915)