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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Livra!





Maria de Lurdes Rodrigues, ontem à saída do Palácio da Ajuda depois da tomada de posse do novo Executivo, sobre um eventual regresso a funções de responsabilidade política, acrescentando que sai com "o sentimento do dever cumprido. Público, 27/10/2009.

Mudanças no Trabalho Stress e Suicídio


Uma onda de suicídios numa das maiores empresas francesas tem levado o país a discutir o "choque cultural" entre os valores tradicionais do funcionalismo público do país e o foco na competição adoptado após processos de privatização.

Após o 25º suicídio de um funcionário da France Télécom em apenas 20 meses, o governo francês fixou nesta semana um prazo para que grandes empresas do país adoptem medidas contra o stresse no trabalho.

Para analistas, o fenómeno é consequência do "choque cultural" que opõe a visão tradicional que era atribuída ao funcionalismo público com carácter social e as novas políticas comerciais agressivas, que privilegiam o aumento constante das vendas e da rentabilidade.

Para enfrentar a concorrência, as direcções das empresa criam planos de reestruturação que têm obrigando os funcionários a mudar de serviço, desempenhar novas funções e serem transferidos para outras áreas geográficas.

Após o 25° suicídio em menos de dois anos, além de 15 tentativas de outros empregados de pôr fim à vida, a direcção da France Télécom anunciou a suspensão de todas as reestruturações até o dia 31 de Dezembro.

Também em Portugal se começa a enveredar pelo caminho da instauração de uma competição individual. "Isso mina a solidariedade entre os colegas", como afirma Coutreau.

"Há 30 ou 40 anos, não havia suicídios no trabalho. O surgimento disto está ligado à desestruturação da solidariedade entre trabalhadores,que é esmagada pela avaliação individual dos desempenhos", diz o psicanalista Christophe Dejours, coautor do livro "Suicídio e Trabalho, o que fazer?".

Para analistas, o fenómeno é consequência desse "choque cultural" que opõe a visão tradicional que atribuía ao funcionalismo público um carácter social e as novas políticas comerciais agressivas, que privilegiam o aumento constante das vendas e da rentabilidade.

"Eles tornam-se agentes comerciais sem preparação nenhum para a actividade. O trabalho que faziam antes não era vender qualquer coisa a qualquer preço. Eles viam antes a sua função como um serviço público, algo que tinha valor para a sociedade.


É Aqui que a 'Claustrofobia Democrática' é Mais Grave

É no homem comum, que tem medo de perder o emprego, no pequeno empresário que teme perder uma encomenda porque refilou com as dívidas do Estado ou o fisco ou a ASAE, no funcionário público que sabe que tem que agradar ao chefe do PS, no jornalista que questiona opack journalisme é logo afastado da "política" por se suspeitar que "está feito com o PSD". É no homem que tem o direito de viver num país livre, com uma comunicação social crítica, com uma informação equilibrada, e nem sequer se pode aperceber até que ponto está a ser, todos os dias, manipulado com "folclore transmontano".

Excerto,Pacheco Pereira,Público 24-10-09

Os Convencidos


Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.

(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.

Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.

Alexandre O'Neill, "Uma Coisa em Forma de Assim"