segunda-feira, 23 de junho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

O Estreito De Ormuz Não É Um Canal Qualquer

A recente ameaça do Irão de fechar o Estreito de Ormuz, na sequência do ataque norte-americano às suas instalações de enriquecimento de urânio, constitui um gesto de dramatização com consequências demasiado pesadas para que possa, com seriedade, ser levada à prática. A roleta voltou a girar no Médio Oriente, mas nem todos os jogadores têm margem para apostar.

O Estreito de Ormuz (...) corresponde ao acesso estratégico ao Golfo Pérsico e, com ele, ao coração da produção petrolífera mundial. Cerca de um quinto do petróleo transportado por mar atravessa diariamente aquele corredor estreito de 39 quilómetros, partilhado entre o Irão e Omã. Um bloqueio à navegação internacional, além de constituir uma violação clara do direito internacional, teria um impacto económico imediato e devastador, sobretudo nos Estados árabes do Golfo (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Koweit), cujas exportações dependem absolutamente daquela passagem.

Importa lembrar que o Irão, longe de sair ileso de tal bloqueio, também seria fortemente penalizado, pois grande parte do seu petróleo segue precisamente pelo mesmo estreito que agora ameaça encerrar. Para uma economia já debilitada por sanções e instabilidade interna, o gesto equivaleria a um tiro no próprio pé.

Além disso, a China, maior cliente do petróleo iraniano, dificilmente apoiaria uma medida que comprometeria o seu próprio fornecimento energético. A ameaça de Teerão surge, por isso, como instrumento de pressão política, mais do que plano de ação concreta.

Há ainda uma dimensão geoestratégica que importa sublinhar. Omã, apesar de não dispor de poder militar suficiente para travar uma ação unilateral iraniana, poderia fornecer a base jurídica e diplomática necessária para uma coligação internacional reagir. Um bloqueio ilegal constituiria o pretexto perfeito para os Estados Unidos liderarem uma ofensiva armada, com respaldo da comunidade internacional. A retaliação, neste cenário, seria não só previsível, mas também esmagadora.

Com subtil prudência, o parlamento iraniano aprovou a ameaça em termos não vinculativos, deixando a decisão final ao Conselho Supremo de Segurança Nacional.

A mensagem é clara: o Irão quer manter o trunfo na mão, ainda sem o colocar sobre a mesa. Está a jogar um jogo de dissuasão, que tem tanto de perigoso como de calculado


Resta saber até que ponto a racionalidade estratégica resistirá à tentação do confronto. Uma vez mais, o Estreito de Ormuz – que esteve, recorde-se, sob controlo português durante mais de um século, com fortalezas em Ormuz, Queixome e Comorão – volta ao centro da tensão internacional. O que se joga ali não é apenas o controlo de uma via marítima, mas o equilíbrio inteiro de uma região à beira do abismo.

(texto de José Mendes, DN)

A Frase (156)

É Batota À Descarada  - A última gota de água foi a notícia de que o Tribunal Constitucional declarou inconstitucional o imposto adicional sobre a banca criado no tempo da pandemia, no governo da geringonça. O país está em apuros.  

Os últimos dez anos foram catastróficos para Portugal, naquilo que foi uma reversão de décadas do progresso até então alcançado e no que poderíamos ter feito. Não ficou pedra sobre pedra, desde a saúde, justiça, educação, habitação, imigração e investimento. Criou-se uma dependência do governo que, felizmente, caiu.

Desta vez é um prejuízo de 180 milhões de euros que o Estado vai ter de devolver aos bancos, sem responsabilidades atribuídas a quem criou um imposto ilegal! Assim não há país que aguente.

Este imposto tem dois pais, António Costa e Mário Centeno, e não, não podemos pensar que tudo isto foi inocente. Para equilibrar as contas e mostrar brilharetes criam-se impostos, faz-se tudo sem ter noção da realidade ou legalidade! Depois, quem vem a seguir tem de limpar o lixo. É batota à descarada.

Mas não é só este problema financeiro que temos. Ficámos com o ‘menino nas mãos’ na questão da habitação e da imigração, também ele exponenciado pelo governo de António Costa, que não sabendo resolver o problema em Portugal, imagine-se, foi para a Europa!  

(excertos do textode Pedro Lino, JEconómico)

A Crítica Literária

 

“A crítica literária deve brotar de uma dívida de amor. De modo evidente, ainda assim misterioso, o poema, ou peça, ou romance capturam nossas imaginações. Quando terminamos a obra, não somos os mesmos que éramos quando a começamos. (...) Grandes obras de arte nos arrebatam como tempestades, escancarando as portas de nossa percepção, pressionando a arquitetura de nossas crenças com seus poderes transformadores.”             (George Steiner)