Tal como nos outros países, tradicionalmente, não se discute a política externa nem os desafios de um novo contexto internacional, apesar de ser este novo enquadramento ser a causa da maior parte dos desafios a que as políticas nacionais têm que responder. (Cátia Miriam Costa,
JEconómoco)
Este posicionamento não deixa de ser curioso, sobretudo, nos países mais desenvolvidos, com uma opinião pública mais atenta, pois faz transparecer a falta de consciência das consequências diretas de décadas de globalização que generalizaram o conceito de interdependência. Se, por um lado, os defensores das interdependências afirmam ser este o melhor caminho para a paz, porque incrementa as interações entre os vários países, por outro lado, os detratores da globalização veem nesta um sério ataque à soberania e às economias nacionais. (...)
O ponto de viragem ocorre quando algumas das economias menos desenvolvidas se tornam agentes de globalização e começaram a subir na cadeira de valor dos produtos sofisticados. A China é o protagonista mais reconhecido enquanto tal, mas países como a Turquia, a Índia, o Brasil e o México, por exemplo, pela dimensão da sua força de trabalho e dos seus segmentos de consumidores representam um novo desafio para a orgânica tradicional da globalização. (...)
Existe esperança de que haja coordenação entre os estados e que a transição para um mundo menos globalizado não signifique forçosamente o conflito. O reposicionamento de alguns estados e cooperação inter-regional podem ser a chave de uma governação global mais fraturada, mas responsiva a questões como a urgência climática, a governação do mar e as necessárias transições para a sustentabilidade.